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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

16
Abr17

[iapala revisitada] as flores do frangipani

beijo de mulata

Esta é a flor do frangipani, uma árvore de xicuembos* e xipocos**, a árvore dos deuses e dos antepassados, de flores românticas e perfumes noturnos... O frangipani tem as flores das manhãs claras, que vêm enfeitar os cabelos das jovens, das noivas, das virgens e os adros das igrejas nos dias felizes.
(Iapala, Nampula)

Como diria o meu amigo Lépido, nós não temos estilos, temos momentos... E eu também tenho direito a dias pirosos! Pronto, era só isto. Aqui no mato-que-já-não-é-mato não temos livro de reclamações. Nem mesmo o Sr. Pompisk, o maior comerciante da Zambézia tinha tal modernice! Para ele, se nos estiver a ouvir, aquele abraço. Tenham um bom dia e que a Páscoa  (ou a Primavera, o que vos disser mais) vos renove.

* Deuses
** Fantasmas
09
Ago12

[zambézia] o meu hospital no gilé #8

beijo de mulata


O telheiro vergonhoso que servia de enfermaria de Medicina no hospital do Gilé, onde ficavam internados, quase a céu aberto, os doentes mais graves. Isto antes de o Sr. Pompisk (um beijinho e saudades para ele) mandar, a suas próprias expensas, construir uma enfermaria de pedra e cal, com electricidade e água canalizada...
(Gilé, Zambézia)
14
Jan12

[comentários que valem um post] mr. umbhalane cantou por aqui

beijo de mulata
O Sr. umBhalane, o xirico mais melodioso da blogosfera, deixou-me um comentário delicioso no post aqui abaixo. E sim, não bebi água do rio Zambeze (ainda) porque nunca lá estive, mas um dia dessa água beberei! [Fervida e filtrada, claro!]
"Que bom. Não conhecendo o Sr. Pompisk, mas sendo ele motivo para escritos destes, só pode ser boa gente, gente Zambeziana, não desmerecendo os de Inhambane, e outras terras. Só que a Zambézia tem aquele gostinho especial, e efeitos demolidores. Entranha-se!
Quem a viu, e quem a vê, caramba! Já bebeu "água do Zambeze", de certeza. Ah, e essa doença - pode ficar com o seu canudo - que, digo-lhe já, é incurável. Que Nossa Senhora de Mulevala, e a alma comerciante do Sr. Pompisk se coliguem e, já agora, que os camponeses possam dar uma ajudinha. Bom espírito. E que também a "Macangueira" não esqueça de mandar remédios, só para ajudar!"
A "Macangueira" era eu... Obrigada, Mr. 1B!
14
Jan12

[boas novas] o diário da zambézia

beijo de mulata

Nossa Senhora de Mulevala
(Mulevala, Zambézia)

Alvíssaras, meus amigos, já temos novas do Gilé, directas para Portugal! São 06:00 em Moçambique, menos duas horas em Portugal continental e parece que o Sr. Pompisk amanheceu melhor, graças aos medicamentos que seguiram daqui na semana passada, a Deus Nosso Senhor e a Santa Maria de Mulevala, a Santa geograficamente mais próxima do Gilé, que por uma questão de comodidade - e de brio regionalista! - resolvemos adoptar como padroeira desta cura.

Já vos falei de Nossa Senhora de Mulevala (a propósito desta história), mas, para quem não conhece, é assim uma espécie de Nossa Senhora de Fátima, mas que apareceu em Mulevala, a cerca de 200 km do Gilé, a um grupo de camponeses e não a três pastorinhos. Convenhamos que na Zambézia não há assim muita pecuária e portanto, para aparecer a pastorinhos, Nossa Senhora teria de ir para Cabo Delgado, ou para a Tanzânia e lá ficávamos nós sem padroeira. Em vez de um manto azul vinha vestida com uma túnica branca e envolta num manto verde, não tinha segredos [pelo menos, se os tinha, das duas uma, ou não os contou, ou ainda ninguém se descaiu] e, tanto quanto sei, ainda não há meninas na região chamadas Maria de Mulevala. Mas temos pena...

O Sr. Pompisk costuma dizer que não é crente mas, nas suas próprias palavras, à cautela vai fazendo muitas obras de caridade aqui e ali, porque assim sempre ajuda os vivos e pode ser que Deus, se existir, se lembre dele quando chegar o dia e a hora! Felizmente parece que o dia e a hora não são hoje... É uma alma de comerciante, sem apelo nem agravo! E genuína e boa...

Aliás, esta alma de comerciante também está patente em canções populares no nosso país: quem não sabe cantar o Natal de Elvas, "Eu hei-de dar ao Menino/ uma fitinha para o chapéu/ e Ele também me há-de dar/ um lugarzinho no céu!" O Sr. Pompisk pelo menos faz coisas que se vejam, enfermarias para o hospital, por exemplo, que vieram substituir um telheiro vergonhoso, sob o qual ficavam internadas crianças com doenças gravíssimas.
06
Jan12

[revista 2011] abril... sempre!

beijo de mulata
Ora então, em Abril foi a Páscoa, em que ficámos a saber, pela pena da minha amiga V., como se vive a noite africana durante a vigília pascal, em que, a partir de pequenos gravetos, nasce o "fogo novo" e se assiste à criação de uma fogueira quase mágica na noite mais longa do mato. 

Abril foi também o mês em que vos expliquei o complexo funcionamento da economia do Gilé e o papel do Sr. Pompisk* na estabilidade do mercado [o paradigma de uma entidade económica reguladora da especulação desenfreada!]. Também vos falei de como se fazia o doce de arroz e coco com que me mimavam as mães dos meus meninos do hospital de Iapala.

Tudo o resto foram histórias, instantes, imagens, músicas... e o nascimento da pequena Beatriz. Enfim... mas se calhar já parávamos com isto. A verdade exposta em cru é que, tudo somado, tudo bem espremido, mesmo assim espremidinho até ao tutano, neste blogue não se aprende grande coisa. E quando se aprende, geralmente foi sem intenção. Adiante...

* Para ele, se nos estiver a ouvir, um grande abraço. Muita coragem e as melhoras rápidas! Se puderem, meus amigos, rezem por ele, torçam por ele, pensem nele. Quem vem aqui a este mato mais regularmente talvez já tenha intuído como o Sr. Pompisk é importante para o povo da Alta Zambézia...
21
Nov11

[ser fashion no mato] tanta roupa e nada para vestir...

beijo de mulata




Capulanas e o costureiro da vila...
(Fotos da net)

(Repost. Porque sim...)

E se de repente, no meio da savana, a atacar o vírus do armário vazio, vulgarmente designado por "ai-que-não-tenho-nada-para-vestir-que-me-fique-bem"? E se essa sensação não for devidamente saneada e evoluir para um "ai-que-gostava-tanto-de-ter-uns-trapinhos-iguais-aos-da-Dona-Marilinda-que-lhe-assentam-tão-bem-e-ela-até-tem-um-corpo-parecido-com-o-meu"? Pois... isto do voluntariado, da frugalidade e do em-roma-sê-romano é muito bonito e na esmagadora maioria dos dias funcionava, mas consigo recordar-me nitidamente de uma ocasião em que a loira que há em mim soltou as garras, rasgou a minha fina capulana de força de vontade e saltou cá de dentro.

E então aconteceu. Foi no Gilé, Zambézia. No meio do mato. Sentia-me despida, totalmente sem graça e nem na loja do Sr. Pompisk deveria haver algo que me pudesse valer naquele momento de angústia feminina. Saí do hospital à hora de almoço. Era cedo. Nesse dia tinha, miraculosamente, havido menos movimento. Fui até ao mercado com uma vaga esperança de encontrar algo de que gostasse.

Qual não foi o meu espanto quando dei de caras com várias mamãs do hospital, que tinham tido a mesma ideia que eu (nada de extraordinário haveria nisto, não fosse dar-se o caso de estarem internadas...). Sorri-lhes ao de leve, sem saber se as havia de cumprimentar ou dar-lhes um raspanete por terem saído do hospital... De qualquer modo não era nada que me espantasse desde o dia em que tinha encontrado ao meu lado na missa um senhor que estava internado com uma pneumonia. (Como a hora da medicação só era duas horas depois, tinha aproveitado para ir rezar...) E, bem disposta, comprei o que havia para comprar: capulanas, what else? Eram lindas - as mais bonitas que tenho, aliás -, e no dia seguinte fui trabalhar de alma lavada, com planos para mandar fazer um vestido com uma delas.

Quando apareci de capulana no hospital no dia seguinte, ouvi alguns risos e um coro de vozes brancas a dizer qualquer coisa em macua que não percebi. Voltei-me para as crianças e perguntei-lhes de que se riam. Respondeu-me uma das mais velhas:

- Estão a rir porque não sabiam que Doutora também é mulher!

(Lindo, pensei, para estas crianças só é mulher quem usa capulana! E até me ir embora tive sempre esta desculpa fantástica para comprar mais capulanas e andar sempre vestida com panos coloridos. Para não confundir as crianças...)
03
Nov11

[amarula] a lei da selva

beijo de mulata


Amarula! Quem não conhece o licor da selva? Aqui os animais parecem ter também o lema dos sábados à noite no Bairro Alto: "Se és homem para beber, também és homem para aguentar o dia seguinte!"
Um grande bem-haja ao nosso correspondente honoris causa, agora na Dinamarca. E ao Sr. Pompisk, que, na Zambézia, nos deu a conhecer este néctar selvagem.
26
Out11

[disclaimer do disclaimer] a vida emocional dos pinguins...

beijo de mulata
Interrompemos novamente a emissão para colocar uma vez mais os pontos nos ii. Desta feita, haja o que houver, será a última vez. Meus queridos amigos, este blogue não tem um único destinatário. Se tivesse um único destinatário o blogue não seria público, não teria caixas de comentários abertas e não teria um mail. É certo que os leitores não têm direito a reclamar, mas isso é porque o Sr. Pompisk (para ele um grande abraço) também não tem um livro de reclamações na sua barraca do Gilé*. E eu gosto muito das pessoas que vêm aqui partilhar comigo um pouco deste mato africano. Muito mesmo.

Mas há duas ou três pessoas para quem escrevo em especial. Não sei se vêm aqui ou não, mas tenho esperança que sim, que venham também de vez em quando ter comigo. E o post dos pinguins mesmo aqui abaixo, aparentemente tão nonsense, era dedicado a uma delas. Apenas isso. Podem parar de matar a cabeça com a vida emocional dos pinguins. E sobretudo não percam o vosso tempo, por favor, a pensar na minha opinião sobre a vida interior dos bicharocos ou sobre a vida privada daqueles casalinhos monogâmicos encantadores... Era só uma private joke. E queria apenas dizer "gosto muito de ti, não penses que eu queria dizer outra coisa".

Quanto à história da viagem para Nampula, eu só prometi que escrevia até chegar ao destino. O que se passou a seguir foi tão complexo que duvido que o consiga contar... Não me estou a fazer de difícil (no fundo isso transpira por todas as letras: eu sou uma mulher fácil!), a história é que é quase impossível...

* Para os que só chegaram agora, basta seguir o tag Sr. Pompisk ali na coluna da direita e ficam a perceber por que é que esta afirmação não faz qualquer sentido.
19
Out11

[aviso à navegação] ignore este aviso!

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Meus caros amigos, vocês sabem o respeito com que vos trato e o carinho que tenho por todos os que me vêm visitar aqui ao mato. Agradeço-vos do fundo do coração quando passam por cá e não me deixam viver sozinha nesta savana, com as minhas recordações, as minhas ruminações e as minhas histórias...

Mas, por favor, eu até já vos expliquei longamente as razões pelas quais este fim de mundo não possui um livro de reclamações. E não me venham dizer que o facto de na barraca do Sr. Pompisk* também não existir um livro de reclamações não é um argumento válido, que eu vivo com a máxima de "em Roma sê romano". Portanto, no Gilé tenho de ser zambeziana! E na verdade, também não me apetece... Por isso podem parar de reclamar com a história da minha viagem de Iapala para Nampula, que está longa demais, que já perderam o fio à meada, que já não sabem em que zona do globo me encontro, que este blogue pelo menos devia ter um GPS (esta vou considerar, pronto, não um GPS mas um mapa... às vezes dá jeito, sobretudo para quem, ao contrário de mim, tem a graça de ter umas gotinhas de androgénios no cérebro). E de qualquer modo, para não se aborrecerem, eu até vou intercalando com outras historietas... Palavra que não sei do que se queixam!

Por isso, meus queridos, podem ter a certeza de que eu só vou terminar a história da minha viagem de Iapala para Nampula quando, de facto, chegar sã e salva a Nampula, com o Sr. Rafael, o Sr. Cachimbo, as duas meninas doentes, os pais das ditas meninas, o pineu furado e todos os que mais vierem a juntar-se a nós pelo caminho. E tenho dito. É que foram quase 200 km à velocidade suicida de 30-40 km/h. E houve muitas peripécias. Desculpem qualquer coisinha, tá? Vá, parem de se queixar! Venham daí, voltemos para o mato.

* Para ele, mesmo que não nos esteja a ouvir, um abraço. Um abraço apertado e cheio de saudade... Não sei se aguento muito mais, palavra.

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