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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

23
Ago13

[lixo no carro] devemos contrariar o cliché?

beijo de mulata

 
Ontem a Rádio Comercial recordou este episódio da Mixórdia de Temáticas. Perante a última parte (04:50) e, o ponto de vista de Pipoco de que vos falei há dias, ocorreu-me então o seguinte dilema: será que devo continuar a contrariar o cliché e manter o meu automóvel impecavelmente limpo e arrumado, com a ajuda do saco de lixo da minha amiga Mimi e, tornar-me, portanto, mais atraente como mulher? Ou recusar-me a ser submissa, recusar-me a fazer algo só para me tornar mais desejável, negando assim toda a minha feminilidade e toda a minha essência (isto é, negando a tendência inata que tenho de desarrumar o carro)? Será que os homens que se sentem atraídos por mulheres que têm o carro limpo não estarão a sentir-se atraídos pelo seu lado masculino? Será esse o tipo de homem que as mulheres querem? Que me dizem?
09
Ago13

[coisas que me confortam] como mulher, como mãe e como loira a toda a prova!

beijo de mulata
Há tempos, embora eu não fosse de todo fiel seguidora da mítica palavra de Pipoco, cumpriu-se a profecia bíblica que asseverava que se a mulata não fosse ao encontro do Pipoco mais salgado da blogosfera, seria o próprio Pipoco que haveria de ir acrescentar algum sal ao mato. E vai daí, o tio Pipoco linkou o beijo-de-mulata. E eu, que nunca tinha ido visitar o salgado Pipoco, mais o seu alter ego, Ruben Patrick, fui olhá-lo (com algum voyeurism), pela sua janela.

Foi nessa altura, mais ou menos, que o ilustre Pipoco escreveu qualquer coisa como (cito de memória, que não consigo encontrar o post exato): "Tendo a não me sentir atraído por mulheres que ostentem o interior do carro desarrumado ou com lixo." E a verdade é que a loira que há em mim ficou aterrada! Literalmente sem ar. A mulata que me habita, por seu lado, sentiu um desconforto inenarrável, como se tivesse sido avistada em público com uma capulana do avesso. Não conseguia conceber tamanha injustiça e falta de compreensão para com quem tem de viver diariamente com dois cromossomas X* e ainda assim faz um esforço hercúleo para funcionar como se nada fosse. Desde quando é que a feminilidade de uma mulher se mede por esses cânones? Já a mãe que estava a nascer dentro de mim acatou o recado como se de uma ordem se tratasse, e começou a dar a atenção devida ao assunto, que há que dar o exemplo desde sempre!

E foi por este desconforto, admito, que nunca mais segui a palavra de Pipoco. E também foi por isto que passei a arrumar o carro como se fosse o meu escritório.

Até ao dia em que a minha querida Mimi Burnay me fez um genial saco para o carro! Lindo, com um estampado floral exterior e plastificado por dentro, à prova de todo o tipo de lixo. Eu ganhei uma alma automobilística nova, uma confiança e autoestima que nem 50 horas de ginásio e esteticista conseguem conferir. E o meu carro ganhou um acessório novo. E lindo. À prova de Pipoco!

(É tudo por hoje, a silly season continua dentro de momentos...)


 
O épico saco de lixo para o carro, por Mimi Burnay!


* Isto não é uma aneuploidia?!
21
Ago12

[nomes que dizem tudo #30] uma dupla imbatível

beijo de mulata


Missa dominical na Comunidade de Oito Quilómetros... Reparem no pormenor dos beijos-de-mulata suspensos no tecto, alegrando o ambiente!
(Ribáuè, Nampula)


Há alguns anos, na comunidade de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Oito Quilómetros*, em Ribáuè (Nampula), o Padre Gasolina nomeou como animador paroquial o Sr. Cinco Litros.

E durante os anos em que Gasolina e Cinco Litros foram parceiros, a paróquia de Oito Quilómetros foi de vento em popa e floresceu como nenhuma outra na província. Dezenas de jovens descobriram em Oito Quilómetros a sua vocação religiosa. É bonito ver como podem coexistir a harmonia, a fé, a esperança e a concordância sintáctica numa mesma comunidade...

* Uma aldeia assim designada por se situar ao quilómetro 8 da estrada que liga Iapala a Ribáuè. O nome da paróquia pode ler-se inscrito na parede atrás do altar na primeira foto. Para não pensarem que invento nomes e situações... É o problema do costume: a realidade não tem a menor obrigação de ser verosímil.
08
Ago12

[alhos e blogalhos] ousadias...

beijo de mulata
Todos os dias chega a este mato gente angustiada com uma questão a que eu já respondi diversas vezes. E, mesmo assim, muitos ainda conseguem errar o post. Todos os dias sai daqui gente cabisbaixa, sem um sim, sem um sopas, sem uma pista de qualquer tipo quando tudo o que bastava era rezar um responso ao meu Santo Antoninho do Google ali naquele quadradinho à direita, que ele fazia o trabalho todo...

Estou cansada, meus amigos, será que ainda não chega? Será que, por mais que tranquilize as pessoas que vêm de propósito aqui ao mato buscar respostas como se eu fosse um curandeiro, tenho de voltar sempre a responder à mesma pergunta? E tudo por culpa desta história.

Mas hoje resolvi responder novamente. Uma senhora ganhou a minha simpatia porque veio parar aqui tão longe com a seguinte pergunta:

- É possível beijar ousando prótese dentária?

E a minha resposta de hoje é, sem qualquer sombra de dúvida: Ouse, minha amiga, ouse sempre! Não tenha medo de ser ousada, que o mundo é dos ousados e a sorte protege os audazes! E o que se leva desta vida é o que se fez com o coração. De qualquer forma, minha querida, eu digo-lhe mais um segredo: ninguém beija com os dentes, sossegue. Esteja tranquila, que vai tudo correr bem.
02
Ago12

[improbabilidades] conversas de snack-bar

beijo de mulata
No bar do meu hospital:
- Boa tarde, por favor, tem batatas fritas de pacote?
- Sim, que sabor?
- Batata frita simples, sabor a batata frita.
- Isso não temos. Temos batata frita com sabor a presunto, batata frita com sabor a ketchup, batata frita com sabor queijo...

Pronto. Era só isto. Estamos na silly season e temos de nos comportar como tal. Fiquem também com esta... Maravilhosa!
09
Jul12

[nomes que dizem tudo #29] cr7

beijo de mulata
Esclarecimento público à Maria Bê e restante comunidade azul-bolacha, a propósito do nome do pequeno biscoito, que, rezemos, se manterá no forno em lume brando, a 37ºC à sombra, por muitas e boas semanas até ao fim dos tempos. Ou pelo menos até às 34 semanas, que mais não se pode pedir:

Minha querida, estamos na silly season mas eu tenho andado alerta. Desde o final do Euro 2012 que ainda não nasceu nenhum Cristiano em Lisboa. De facto, procurando bem, este ano só ainda nasceram dois Cristianos. E então Cristianos Ronaldos não nasce nenhum desde 2008! Não sei o que se passa, minha gente... Estaremos a ficar amargos? Pessimistas? Deixámos de ter fé no nosso futebol e no melhor do mundo? O que será que nos resta?

Há, porém, uma Ronalda, colheita de 2010, que salva a honra do convento! Eu acho que ainda há esperança.
14
Jun12

[sabes que estás a precisar de férias quando...]

beijo de mulata
Há dias, no corredor do hospital, encontrei a mãe de uma menina de cinco anos que eu tratei no serviço de urgência com uma pneumonia grave e que, no final de todo o processo, acabei por enviar para a consulta de obesidade. A mãe era uma cozinheira à moda antiga, que fazia comida em casa para dois restaurantes e a filha, muito solícita, passava metade do dia com ela na cozinha. A ajudar a comer, obviamente.

Perguntei-lhe como estava, dei-lhe os parabéns porque ela própria e a filha estavam visivelmente mais magras.
- Sim, doutora, agora estamos todos a fazer dieta lá em casa!
- Muito bem, é isso que se quer, e a menina não voltou a ter mais doença nenhuma?
- Não, ela agora está óptima!
- Muito bem, então adeus e as melhoras...
- Obrigada, doutora, bom apetite!

Não sei quanto a vocês, mas para mim a silly season já começou!
14
Mai12

[da ética e da moral] ou, pelo menos, do baixo astral...

beijo de mulata
A propósito desta notícia sobre a casa ocupada da Rua de São Lázaro, rua muito por mim palmilhada em tempos de faculdade, lembrei-me de um estabelecimento, sito na referida rua, cujo nome sempre me pareceu humor negro...

No meu entender, que sou pessoa esclarecida sobre esta coisa de santos da igreja católica, acho que podemos chamar São Lázaro a uma mercearia, que não vem mal ao mundo. Mas será que temos o direito de chamar São Lázaro... a uma funerária? Funerária São Lázaro é um nome desmoralizador, por amor da santa. Só pode ser um nome imoral! Publicidade enganosa. Não concordam comigo? Ou então o facto de me estar a debruçar sobre nomes de agências funerárias é um sinal de que a silly season está a começar.
05
Ago11

[frases inspiradoras] médicos...

beijo de mulata
Todas as pessoas têm dentro de si um dom que as distingue, uma capacidade que é só delas, e que é única e insubstituível... Para os médicos geralmente esse dom é a capacidade de decifrar a sua própria letra...

Post a propósito da notícia de última página no Inimigo Público:
Criado tipo de letra Gatafunho Old Style para receitas electrónicas com letra de médico.
03
Ago11

[silly season in mozambique] mavalane

beijo de mulata

(Aeroporto de Mavalane, Maputo)

Já uma vez vos contei esta história. Hoje volto a ela porque é o aniversário da véspera desse dia... Ou melhor - há que admiti-lo! - hoje volto a ela porque sim....

Cheguei pela primeira vez a Nampula no dia 5 de Agosto, dia de Nossa Senhora de África, em vez do dia 4 de Agosto, como tinha planeado. Mais de 24 horas de atraso porque em Maputo não consegui apanhar o avião à primeira. Não sei se me compreendem. Eu sou loira, começa tudo por aí...

Não era a minha primeira vez em África, mas das vezes anteriores tinha sempre tido acompanhantes, motoristas, amigos para me ajudar e não tinha entrado completamente na dinâmica do país... Confiava nas coisas que sempre dei como garantidas e nunca na minha vida tinha colocado em causa. Por exemplo, pensem comigo: se estiverem várias pessoas numa fila para um balcão, podemos acreditar que essas pessoas querem ser atendidas, certo? Concretizando, se essa fila for a fila do check-in cujo balcão ostenta o número do nosso voo, por exemplo - isto é só um "supônhamos" - e estiverem várias pessoas com malas nessa mesma fila, poderemos assumir que essas pessoas estão para embarcar connosco. Ou não? Não sei quanto a vocês, mas foi isso que eu assumi. Coloquei-me na fila e aguardei pela minha vez. Erro crasso!

Os estimados leitores com alguma experiência de aeroportos em África talvez estejam agora a sorrir - está-se mesmo a ver porque é que ela perdeu o avião! Pois é... Só algum tempo depois de estar naquela fila é que me apercebi que:

a) o empregado do balcão que estava a falar com a primeira pessoa da fila não a estava a atender (estavam apenas a conversar);
b) a fila em que eu estava não avançava e não iria avançar de todo porque as pessoas à minha frente não tinham bilhete (elas estavam na fila há vários dias!)*;
c) já todos os passageiros do meu voo tinham feito o check-in várias horas antes, não fosse acontecer-lhes o que me veio a acontecer a mim;
d) os empregados do balcão tinham decidido, à hora em que o voo estava quase completo (duas horas antes do embarque), que eu já não viria e tinham vendido o meu bilhete a outra pessoa (possivelmente ao primeiro da mesma fila onde eu então me encontrava);
e) o meu voo já estava completo, fechado e pronto para partir com meia hora de antecedência.

Não entrei em pânico. Nem me preocupei. No fundo eu já ia avisada: que esperasse de tudo, que não esperasse bons serviços, que não esperasse mesmo quaisquer serviços, que não me surpreendesse com nada. Que em África tudo acontece, mas geralmente tudo se resolve também.

Quando fui reclamar ao balcão do check-in, os senhores olharam-me com indiferença e nem se dignaram a responder-me. Fui a um balcão da companhia: que não era nada com eles. Tinham-me chamado e eu não estava, portanto tinham vendido o meu bilhete. (!)

Seria então altura para entrar em pânico? Não, isso seria mais um erro crasso. Irritei-me! Fui reclamar, desta vez em voz mais alta e mais grossa, a um terceiro balcão e lembro-me de ver a senhora empalidecer quando utilizei a palavra "overbooking".
- Venha outra vez amanhã, disse simplemente.
- Ok.

No dia seguinte passei à frente de tudo e de todos, dirigi-me directamente ao balcão do check-in e a senhora com quem eu tinha falado no dia anterior lá descobriu um lugar vago em classe executiva no voo Maputo-Pemba dessa tarde, com escala no meu destino... Quanto a mim, foi a primeira e última vez que me coloquei numa fila sem saber com toda a certeza o que se passava do outro lado do balcão!

*E perguntam vocês: Mas se não tinham bilhete, o que estavam as pessoas e as malas a fazer naquela fila de embarque? Pois... Isso já tem a ver com a cultura de um povo. Por acaso até tenho uma teoria. A minha teoria é que na verdade eles provavelmente não estavam ali a fazer nada. Nem seria ali que iriam arranjar bilhete, mas no balcão da companhia. Eles estavam ali apenas... à espera. Foram esperar para ali porque seria dali que iriam partir. É isto.

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