Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

27
Mai17

[cada mulher é uma ilha] o dia em que o mar desapareceu...

beijo de mulata

?? O dia em que o Índico se tornou frio e distante e decidiu esquivar-se ao contacto íntimo e envolvente com o seu corpo... Nesse dia, a mulher, alheia a tudo quanto já tinha deixado de existir em seu redor, apanhava marisco na maré-vaza...


...no final do dia, a mulher, com o cesto cheio, levantou a cabeça e seguiu o seu caminho por entre as águas, acreditando ainda que pelo menos o mar e o céu são garantidos... e nunca chegou a perceber que o mar nos toca apenas porque quer. E o céu só ilumina quem ama...

(Ilha de Moçambique, Nampula)

[Agradecendo as graças desta vida, passe o pleonasmo, e abraçando a saudade que o Índico nos imprime na pele*! Como diria a Helena Araújo, a primeira dama dos dois dedos de conversa: "Da minha vida vê-se o Índico..."]

* Não vivemos sem uma vírgula de Oxford.
06
Ago12

[outras palavras] olhares de paixão

beijo de mulata


Mulher macua com pasta de mussiro na face.
(Ilha de Moçambique, Nampula)
“She walked with measured steps, draped in striped and fringed cloths, treading the earth proudly, with a slight jingle and flash of barbarous ornaments.
She carried her head high; her hair was done in the shape of a helmet; she had brass leggings to the knee, brass wire gauntlets to the elbow, a crimson spot on her tawny cheek, innumerable necklaces of glass beads on her neck; bizarre things, charms, gifts of witch-men, that hung about her, glittered and trembled at every step.
She must have had the value of several elephant tusks upon her. She was savage and superb, wild-eyed and magnificent; there was something ominous and stately in her deliberate progress. And in the hush that had fallen suddenly upon the whole sorrowful land, the immense wilderness, the colossal body of the pensive, as though it had been looking at the image of its own tenebrous and passionate soul.” 
Joseph Conrad in Heart of Darkness
15
Dez11

[cada mulher é uma ilha] ...que o mar só toca porque quer

beijo de mulata
??
??

O dia em que o Índico se tornou frio e distante e decidiu esquivar-se ao contacto íntimo e envolvente com o seu corpo... Nesse dia, a mulher, alheia a tudo quanto já tinha deixado de existir em seu redor, apanhava marisco na maré-vaza...



...no final do dia, a mulher, com o cesto cheio, levantou a cabeça e seguiu o seu caminho por entre as águas, acreditando ainda que pelo menos o mar e o céu são garantidos... e nunca chegou a perceber que o mar nos toca apenas porque quer. E o céu só ilumina quem ama...
(Ilha de Moçambique, Nampula)
07
Dez11

[outras palavras] reconstruir-se...

beijo de mulata


Homem triste à janela...
(Ilha de Moçambique, Nampula)
Foto da net. Mais uma vez lamento mas não tenho o link...


Demoro-me no outro lado de mim
porque me atrai
esse ser impossível
que sou
esse ser que me nega
... para que seja ainda eu

Porque desejo esse alguém
que me invade e me ocupa
que me usurpou a palavra e o gesto
me fez estrangeiro do meu corpo
e me deixou mudo, contemplando-me.

Lanço-me na procura da minha pedra
no infindável trabalho
de me reconstruir
recolhendo os sinais do meu desaparecimento
percorrendo o revés da viagem
para regressar a um lugar inabitável.

Todas as vezes que me venci
não me separei do meu sonho derrotado
e, assim, me fiz nuvem
reparti-me em infinitas gotas
para que fosse bebido, vertido, transpirado
e voltasse de novo a ser céu
transparência de azul, harmonia perfeita
e poder regressar ao lugar interior
para me deitar, de novo,
no sangue que me iniciou.

Mia Couto
03
Out11

[as formigas e o carreiro] caminhante, são teus rastos o caminho...

beijo de mulata


Regressando a casa, que o dia, mal ou bem, estava ganho...
(Ilha de Moçambique, Nampula)

Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.?

António Machado

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2016
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2015
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2014
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2013
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2012
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2011
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2010
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub