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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

26
Abr17

[histórias de sempre] 25 de abril

beijo de mulata
25 de Abril
(Lisboa)

[Todos os anos vos brindo com este episódio. Porque todos os anos ele é contado à mesa do almoço. Ora vamos lá a isto mais uma vez. Porque 25 de abril é para sempre. Só que agora se escreve com letra minúscula.]

Era a noite de 24 para 25 de abril, quarta para quinta feira, salvo erro. Corria o ano de 1974. O meu pai, então alferes a cumprir o serviço militar obrigatório e já com ordem para ir para a Guiné, ofereceu-se para ir buscar as armas ao paiol, uma vez que o capitão estava nervoso demais:
- Aqui só se entra com senha e contrassenha! - gritava o guarda do paiol completamente a leste do que se passava...
- Olhe, vai haver um golpe de estado. Vamos derrubar o governo - o meu pai é a calma em pessoa -, portanto, o senhor ou se põe às minhas ordens ou eu tenho de o mandar prender...
- Ah... então faça favor!

O que se passou em seguida... é História!

[Esta peripécia ficou só para a história lá de casa, mas a minha preferida é a do chaimite que ia à frente da coluna militar e parou na avenida porque o sinal estava vermelho... "Porque parou, perguntou o capitão ao condutor?" "Meu capitão, o sinal está vermelho!" Mas nada pode parar uma revolução! O meu instrutor de condução é que ficaria orgulhoso para todo o sempre!]

E agora, se me dão licença, vou ali continuar a contar ao baby-de-mulata o que foi o 25 de abril... ele gosta de histórias com finais felizes. E também de qualquer história que meta tropas e tanques de guerra. Mas também já percebeu que é bom haver liberdade. Um dom absolutamente adquirido...
13
Abr17

[comentários que valem um post] diversidade familiar

beijo de mulata
A doce Maria Bê escreveu um comentário no post abaixo, sobre diversidade familiar.

A Mia, no ano passado, tinha uma coleguinha de escola a quem os meninos chamavam, quando se referiam a ela, "Faith, she has two moms". A Faith, vim a descobrir, era uma criança filha de meth addicts que foi violada aos três meses... uma história horrível. Foi adotada por duas enfermeiras da unidade de cuidados intensivos, que se apaixonaram por ela. (Fim de aparte que só dá contexto).

Para os meninos como os meus, privar de muito cedo com este tipo de realidades, desde a adopção convencional à adopção gay, é um privilégio, sabes. Quando começou a fazer perguntas sobre as barrigas, respondemos-lhe que todos os meninos precisam de um papá e de uma mamã para nascer, mas depois nascem no coração de outros pais, que ficam muito felizes com o poder cuidar deles. Não lhe faz impressão que uma mãe/pai fique sem/dê o seu bebé, o que é engraçado. Um dia mais tarde talvez faça mas por ora fica satisfeita. Um beijo!
04
Fev15

[alhos e blogalhos] habemus vencedoras!*

beijo de mulata
Para o prémio do visitante 500.000 [está mesmo, mesmo ali abaixo, minha gente, mas para que querem o link, valha-me Nossa Senhora, tenho mesmo de fazer tudo nesta casa?] tivemos duas vencedoras, a Rita Oliveira e a Adriana Afonso (esta última por acaso fez anos ontem, pelo que seguem igualmente os correspondentes votos de parabéns atrasados!). Peço a ambas que me enviem a morada por mail para poder cumprir o prometido e enviar um exemplar autografado do livro "A Missão".

E perguntam vocês, ou só os mais atentos, quiçá: DUAS vencedoras? Como assim duas? Não era suposto haver apenas um visitante 500.000? E se calhar até foram mais, mas só duas se acusaram...

Pois que não é situação inédita. Não há fome que não dê em fartura, diz o povo e diz o site meter. Uma vez vi a mesma situação já não sei em que blogue (penso que n'O Arrumadinho) precisamente com o visitante 500.000, mas dessa feita o autor só tinha um prémio para oferecer e foi complicado decidir qual das visitantes 500.000 que se acusou era de facto a verdadeira, se é que tal existe, neste mundo virtual, em que tudo acontece ao mesmo tempo... Mas neste caso não faz diferença, vizinha, ora essa, por quem é, que onde se manda um também se manda dois, é só pôr mais água na sopa, que é como quem diz, mais um selo nos correios e está o assunto arrumado. Obrigada sou eu por passarem por aqui tantas vezes, que nem uma merecia a pena.

(A propósito, por acaso agora lembrei-me da blogger que em tempos pediu ao visitante 50.000 que se acusasse e ele não só se acusou como se casou com ela tempos depois! Ao que parece um casamento feliz e frutuoso, que o meu querido Santo António do Google não brinca em serviço!)

Para os que não ganharam, desejo melhor sorte para o prémio do visitante 1.000.000! Muito obrigada por estarem desse lado e andarem por aí, alguns desde há quase cinco anos, e que sorriem comigo desde então.

* Tive de ir ver a declinação do acusativo à Wikipedia, que nunca estudei latim na vida...
28
Out13

[os meus leitores são os melhores do mundo!] lucky escape

beijo de mulata
 
Near miss...

Talvez um dia, daqui a uns dez anos, vos possa contar o que foi que aconteceu. Ou talvez daqui a seis meses isto já não tenha importância nenhuma. Ou talvez mesmo antes.

Muitos bloggers escrevem recorrentemente que os seus leitores são melhores que os outros todos. Porque são uns queridos, porque lhes dão muita força, porque lhes enviam presentes, porque lhes escrevem mails emotivos e lindos.

Mas hoje é a minha vez de dizer que EU é que tenho os melhores leitores do mundo! E mais não digo porque não posso, embora me apetecesse falar de tubarões, de pessoas que destilam ódio de tal modo que me incomodam só de olhar para elas, embora me apetecesse falar da minha estrelinha que não me deixou ser devorada viva. O que me aconteceu, graças a um assíduo frequentador deste mato, foi o que se vê na imagem! A very, very near miss... Ou então o meu Pai é mesmo o dono disto tudo e nada de mal me teria acontecido de qualquer modo. Hoje, mais uma vez, estou agradecida... A vida é, de facto, surpreendente!
02
Ago13

[moçambique no seu melhor] do rovuma ao maputo!

beijo de mulata
Para todos os que têm saudades do tempo em que este blogue era mato... para os que têm saudades da sombra dos cajueiros, para os que já fizeram o luto de um blogue que era quase exclusivamente monopolizado pela saudade de Moçambique que me assolava o coração de alto a baixo (embora com algumas incursões pelas improváveis histórias da Estefânia) e, sobretudo, para Mr. Umbhalane, o primeiríssimo comentador deste mato, que já se manifestou contra o facto se ter infamemente transformado num baby-blog (prometo que é temporário, Mr. 1B, as circunstâncias são incontornáveis!): dedico-vos este post do André, o genial autor do Tertúlia Africana, sobre uma experiência rodoviária Moçambique afora (ou Moçambique abaixo, se preferirem uma expressão mais indicativa dos pontos cardeais que estiveram envolvidos no trajeto)... Quase do Rovuma ao Maputo dentro de um machimbombo sobrelotado, conduzido por um motorista meio louco, meio ébrio de sono.
 
 
 
 
 
 
Imagens daqui.
"Talvezsó agora tenha tido coragem de escrever esta história, ou talvez ela precisassede amadurecer para ser contada. Era um objetivo meu: fazer Pemba – Maputo porestrada, de autocarro. Porque não? É preciso tempo, já sei, espírito deaventura, tudo, mas, como seria?

Nabilheteira, de notas meio dobradas, firmes na mão, parecendo coletores dedinheiro de apostas ilegais, respondem positivamente a todas as nossas questõesde segurança. “Trocam de condutor?” – sim; “Dorme-se no caminho?” – sim;“Pára-se para comer?” – sim. Talvez devesse ter reformulado as perguntas para osfintar, mas se calhar fiz as perguntas da forma como queria ouvir asrespostas...
Oautocarro tem lugares sentados, para todos. Sim, porque coloquei a hipótese defazer uma longa jornada de pé, ou sentado na coxia em cima de alguns sacos.Nada disso, bancos individuais e cinto de segurança. O espaço para as pernasnão era muito, mas se vinha naquela viagem para me queixar do conforto tinhaapanhado um avião!
Arrancamnum grupo de 4 para fazer face às exigências natalícias e buzinam uns para osoutros. Parece que vamos em caravana, mas na realidade é uma disputa entremotoristas que se vão ultrapassando pelo caminho. Em cada manobra o alcatrãofica ainda mais fino e apenas uma reduzida percentagem de passageiros ficaentusiasmada com as manobras, gritando e batendo palmas. Os outros 80% ficam emsilêncio, engolindo em seco.
Aquiloque por fora parece um robusto autocarro, por dentro parece uma minhoca,serpenteando as estradas e saltitando nos buracos. Como nos sentamos no piso decima (o de baixo é para bagagens) dá a ideia que a cada curva vamos tombar.Talvez a fraca suspensão, talvez seja apenas psicológico...mas bolas, como assusta!
Assimque começámos a rolar a sério em plena estrada nacional, percebi que tinhaescolhido um péssimo lugar: a coxia. Inevitavelmente ia com os olhos presos naestrada e assustado com a velocidade com que um monstro daqueles se fazia àscurvas. Dava por mim a travar com o pé a bater no chão ou a tentar virar,agarrado às pontas dos meus calções. Tinha que me distrair, pois a viagem élonga, iria durar pelo menos 24 horas! A minha alternativa era olhar para olado, para a Yumi [a noiva do André], que inexplicavelmente dormia...como se sobrevoássemos asnuvens, em vez de cavalgar buracos.

Pessoalcom sérios lanches preparados. Frango, chamuças caseiras, cerveja. Nós levávamosbolachas que mal me passavam pela goela, tal era o nó que tinha. O tipo do meulado era comerciante em Pemba. Ia visitar a família e voltava dentro de 4 dias.Na mesma estrada, com o mesmo autocarro. Gabo-lhe a coragem.
Oautocarro vai à mesma velocidade, independentemente das condições do piso, dedia ou de noite. Quando chove a visibilidade reduz-se para níveis que não entendo.Suspeito que o motorista tem poderes adivinhatórios ou que já conhece tão bem a estradaque nem sempre precisa de olhar para ela. Não é que o limpa para brisas nãofuncione, ele simplesmente não existe, fazendo acumular uma camada de insetosmortos, que se transforma numa pasta opaca quando se lhe adiciona água!
Como fim do dia começaram os planos de onde iríamos parar, pernoitar, pensei. Afazer cálculos às barreiras policiais, que proíbem a passagem de transportespúblicos a partir de certa hora, a ideia era “pisar”...para conseguir passarmais cedo pelos “gajos” e conduzir mais umas horas. A sério? O condutortinha os olhos vermelhos, bem cansados, mas era o primeiro a incentivar aestratégia de velocidade.
Ébonito viajar por Moçambique relativamente devagar. Pelo menos por terra. Àmedida que descemos o desenvolvimento sobe. Palhotas tradicionais passam a casasólidas, pontes precárias para robustas. A paisagem tem um pouco de tudo: os inselbergs em Nampula, coqueirose arrozais na Zambézia, campos cultivados em Sofala, a imensidão de coqueirosem Inhambane, casas e agitação logo em Gaza.
Como aproximar da meia-noite o autocarro abranda e estamos agora a entrar numavila qualquer, com alguns candeeiros na rua. Inchope, o grande cruzamento dasestradas em Moçambique. Quando nós saímos do autocarro já várias pessoasdescansam os ossos numa vala, à beira da estrada. Sem perceber se é avaria ouparagem, o condutor diz: “saímos daqui a três horas”. Uau...avizinha-se umanoite de descanso...de 3 horas! Dá que pensar se queremos reentrar no autocarroou não, mas não há muitas condições para pensar: a noite de sono é curta e ocansaço vence-nos facilmente.
Abuzina do autocarro (inconfundível e difícil de esquecer) arranca-nos do sono ecomo múmias voltamos para dentro daquela máquina infernal, sem pensar, apenascom o destino na mente.
Nosegundo dia continua o mesmo motorista, que no dia anterior conduziu mais de900 km. Obviamente que, com o sol rasante de frente e extensões das retas aaumentar, a sonolência aparece. Não há heróis. O motorista começa a coçar commaior frequência os olhos, a cabecear e sente-se que o volante dança mais doque devia para um troço que é sempre a direito! Alguns passageiros, aaperceberem-se disso, oferecem bebidas e conversa ao motorista, sentando-seao seu lado e largando gargalhadas suficientes para entrar nos tímpanos eagitar o cérebro...
Quandosaí do autocarro em Maxixe renasci. Não acredito em Deus, mas se acreditasse,neste caso diria que Ele estava a olhar por nós naquela viagem.
Eraum objetivo e cumpri. Aventura feita, que escreverei no meu diário. A nãorepetir..."

André, bem-hajas por este pedaço de vida e de mundo! 
27
Jan13

[dsm beijo-de-mulata #1] perturbações osculares

beijo de mulata


Não, o título nãocontém nenhum erro ortográfico... Estoumesmo aqui hoje para vos falar de perturbações osculares... Sim, é isso mesmo, beijos. Tanta gente a  falar de ósculos por todo o lado (supostamente em publicidade velada ao Magnum, valha-me Santo António do sentido oculto!), fez-me lembrar que também tenho uma palavra a dizer. Ultimamente ando um bocado maria-vai-com-as-outras, é certo, mas isto em princípio passa-me para a semana que eu sou mais maria-vai-ao-jardim-passear-o-menino-e-ver-as-vistas. Hoje apetece-me pegar no tema. Até porque sei que passam por aqui muitos estudantes de Medicina que podem aprender alguma coisa com o poço de sabedoria e virtude que é este mato.

Lição nº 1: através da leitura de mails e SMS, conseguimos diagnosticar perturbações dapersonalidade nos beijos. Por exemplo, alguém me enviou há tempos "beijocas gordas,escalfadas e encaloradas!" E não, o facto de ela estar no Brasil não era desculpa. Só porquelá estava muito calor. Tratava-se de um beijo histriónico, meus amigos, manifestamente encenado, exagerado e redundante!
Não pensem que estou a exagerar. Eu sei que é umatendência natural de todos nós, por vezes, a de fechar os olhos a dolorosas einegáveis realidades por pensarmos que são inócuas e auto-limitadas, mas averdade é que nestas disfunções, caso sejam detetadas a tempo, é possível intervirprecocemente e estimular beijos mais adaptativos, evitando círculos viciosos que podem levar a beijos potencialmente catastróficos.
Serve, portanto, esta série de posts para vos despertar para pequenos sinais que nos permitem distinguir umbeijo normal e saudável, ainda que com alguns traços fora do comum, de um beijomanifestamente patológico.

(continua)

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