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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

19
Abr17

[he was the forerunner] para bens atrasados!

beijo de mulata


O Senhor Mandará os Seus Anjos

Ontem fizeste anos... A passagem do tempo é tão neuroticamente precisa que os aniversários calham sempre em dias certos. Eu é que sou tudo menos neurótica. Mas hoje quero agradecer-te por teres nascido, e por me teres preparado os caminhos que percorri. E por me lembrares por vezes de que, em tempos, também já consegui acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço.

Deixo-te uma pérola musical do meu primo João Andrade Nunes, de que tenho a certeza que vais gostar! Para bens! Por tudo, tudo! Que a fruta te esteja sempre madura no verão e que Aloysius nunca fique insuportável...
19
Nov16

[oh happy day!] então, beijo-de-mulata, não falas do casamento?

beijo de mulata
É verdade, meus queridos amigos... casei-me com Mr. Shaka no dia 12 de novembro. Ganhei toda uma nova credibilidade, um anel de noivado, uma aliança de casada, dois apelidos novos (agora chamo-me Senhora Dona beijo-de-mulata-de-Shaka-Zulu, valha-me Deus, beijo-de-mulata Maria, onde é que tu estavas com a cabeça?), uma despedida de solteira de sonho e um dia de princesa! E quinze dias (just say it!, quinze!) de licença!

Eu nunca tinha sonhado com esse dia. A minha felicidade não passava por aí... É verdade, meus amigos, garanto-vos. Mas enfim, os milagres acontecem na minha vida e tenho de os aceitar... O dia foi simplesmente perfeito para mim... foi quase mágico entrar mais uma vez na Basílica da Estrela, onde ia à missa em criança e ouvir o órgão histórico que acompanhava as missas da minha infância. E onde Mr. Shaka foi organista durante anos. E recordar que foi ali que eu e Mr. Shaka nos reconhecemos, vários anos depois de nos termos visto apenas uma vez... Ouvir a música de entrada, que era a pièce de resistance do concerto em que nos conhecemos (traduzida e adaptada por mim, claro, porque eu não queria que se falasse nos moinhos satânicos de Inglaterra no casamento, valha-me Nossa Senhora da Língua Portuguesa), cantada pelo melhor coro feminino que alguma vez poderíamos ter. E foi uma quase-surpresa ouvir as músicas que Mr. Shaka escreveu e orquestrou para a missa do casamento (não tenho autorização para as divulgar, que são apenas para consumo doméstico, um quase-segredo de família, diz ele).

Também o meu amigo João Andrade Nunes, para mim o melhor compositor da atualidade, não me desiludiu. Como aliás, nunca desilude em nada do que faz ou escreve. Já tinha escrito a ação de graças para o batismo do meu sobrinho, Baby M., com a letra da canção de embalar que eu ouvia cantar às mamãs macuas no hospital em Moçambique. Lembram-se?

Quero agradecer-te por teres nascido
Dorme, meu amor, fica tranquilo
Porque enquanto estiveres a dormir
eu fico aqui a repetir o teu nome
E Deus vela por todos nós...

Desta vez escreveu-nos uma ação de graças de ir às lágrimas. Podem ouvi-la aqui, desde que a ouçam até ao fim...



E perguntam vocês, e o baby-de-mulata, como se portou? Ah, esse foi um querido! Quer-se dizer... foi um querido depois de passado o choque inicial, semanas antes. O drama e o horror aconteceram quando descobriu que o tal de vestido de noiva com cauda, de que tanto se falava, tinha uma cauda sim, mas não como os dragões ou os dinossauros. Era de renda, acredite-se! E ele que estava tão entusiasmado... Como era possível? Traição! De renda, mãe? E... branco?! Ai valesse-lhe São Jorge...

Mas como eu dizia, passado o choque inicial, ainda demorou a aceitar que não podia ir vestido de dragãozinho, a fazer pendant com sua mãe. Mas, por fim, depois de várias negociações (e de alguns subornos, confesso, que nestes casos não há que olhar a meios), lá aceitou ir à baixa experimentar um fato a condizer com o papá. Mas sempre a ameaçar que só entrava na igreja se fosse ao meu colo. Menino das alianças é que ele não queria ser. Ainda por cima para me dar de mão beijada ao pai... Como se sabe, Freud pode ter dito muitos disparates, mas nisto não falhou!

Passou-me de tudo pela cabeça, que fugisse da basílica, que se me atirasse para o colo, que se borrifasse para as alianças e fosse jogar à bola para o adro da igreja. Tudo menos a forma irrepreensível como se portou! No momento certo olhou para mim e para o avô, que me dava o braço, e lá foi à minha frente, no compasso certo, ao lado dos primos, Mr. B. e Baby M., com a salva de prata na mão, direitinho até ao altar. Só vacilou no consentimento, quando eu e Mr. Shaka trocámos as alianças. Vi bem na cara dele que ficou triste quando percebeu que a mãe só se casou com o pai. Mas bastou sairmos do nosso lugar, mesmo a meio da missa, para lhe irmos dar um abraço e o baby lá se animou outra vez.

Não me apetecia despegar dali no fim, ao ouvir mais um cântico de Mr. Shaka, o cântico de vida nova... Mas lá fora aguardavam-me aqueles que amo incondicionalmente. Não estavam todos, é certo, porque não é possível nunca que venham todos os que queremos, por variadíssimas razões. Mas todos os que estavam eram muito, muito especiais. E isso basta.
16
Jul16

[vozes brancas*] baby-de-mulata

beijo de mulata
Ouvido da cozinha:
- Filhote, anda aqui ajudar o pai - chamava Mr. Shaka da sala.
- Não posso, pai, estou aqui a treinar este gorila para o combate com o leão!

E tenho a dizer que assisti ao combate horas depois e quem ganhou foi o gorila! Temos Fernando Santos!

(Depois da vitória de Portugal parece que todos acreditamos mais um bocadinho...).


*Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
04
Fev15

[alhos e blogalhos] habemus vencedoras!*

beijo de mulata
Para o prémio do visitante 500.000 [está mesmo, mesmo ali abaixo, minha gente, mas para que querem o link, valha-me Nossa Senhora, tenho mesmo de fazer tudo nesta casa?] tivemos duas vencedoras, a Rita Oliveira e a Adriana Afonso (esta última por acaso fez anos ontem, pelo que seguem igualmente os correspondentes votos de parabéns atrasados!). Peço a ambas que me enviem a morada por mail para poder cumprir o prometido e enviar um exemplar autografado do livro "A Missão".

E perguntam vocês, ou só os mais atentos, quiçá: DUAS vencedoras? Como assim duas? Não era suposto haver apenas um visitante 500.000? E se calhar até foram mais, mas só duas se acusaram...

Pois que não é situação inédita. Não há fome que não dê em fartura, diz o povo e diz o site meter. Uma vez vi a mesma situação já não sei em que blogue (penso que n'O Arrumadinho) precisamente com o visitante 500.000, mas dessa feita o autor só tinha um prémio para oferecer e foi complicado decidir qual das visitantes 500.000 que se acusou era de facto a verdadeira, se é que tal existe, neste mundo virtual, em que tudo acontece ao mesmo tempo... Mas neste caso não faz diferença, vizinha, ora essa, por quem é, que onde se manda um também se manda dois, é só pôr mais água na sopa, que é como quem diz, mais um selo nos correios e está o assunto arrumado. Obrigada sou eu por passarem por aqui tantas vezes, que nem uma merecia a pena.

(A propósito, por acaso agora lembrei-me da blogger que em tempos pediu ao visitante 50.000 que se acusasse e ele não só se acusou como se casou com ela tempos depois! Ao que parece um casamento feliz e frutuoso, que o meu querido Santo António do Google não brinca em serviço!)

Para os que não ganharam, desejo melhor sorte para o prémio do visitante 1.000.000! Muito obrigada por estarem desse lado e andarem por aí, alguns desde há quase cinco anos, e que sorriem comigo desde então.

* Tive de ir ver a declinação do acusativo à Wikipedia, que nunca estudei latim na vida...
26
Out14

[vozes brancas] neologismos

beijo de mulata
Há duas semanas tive um acidente feio: ao chegar ao jardim de infância do baby, naquele local em que costumo fazer com ele a transição simbólica do modo "casa/ mãe", em que pode ser bebé, para o modo "escola/ educadora", que que tem de ser um menino crescido, escorreguei e caí com ele ao colo.

Foi um momento terrível quando percebi que ele ia bater com a cabeça no chão empedrado do pátio... Felizmente foi um traumatismo craniano sem gravidade para o lado dele, embora só o tenha deixado depois com mil recomendações à educadora e auxiliar de que se vomitasse ou ficasse mais estranho e sonolento me ligassem de imediato. Já para o meu lado a coisa correu menos bem, porque ao tentar colocar-me debaixo dele para lhe amparar a queda, o esbardalhanço foi total e torci o pé à grande e à francesa. Quase me saiu disparado e bem articulado um palavrão francês, mas já que não podia fazer nada para remediar o assunto, também de nada adiantava praguejar, por isso calei-me, abracei o baby e cobri-o de beijos, enquanto disfarçadamente lhe fazia um apressado exame neurológico.

No meio destas semanas todas fui assobiando para o ar e fazendo vida normal. O problema é que enquanto se assobia para o ar, o pé fragilizado torce mais cinquenta vezes. Por isso, em vez de melhorar fui sempre piorando, até que ontem, no Badoca Park, onde fiz questão de ir em mais um exercício africano (o baby há de querer ir comigo na minha próxima missão a Moçambique, ou eu não me chame beijo-de-mulata!), torci o pé de vez enquanto andava num caminho tipo picada africana com o baby ao colo, tentando chamar-lhe a atenção para o divertido comportamento dos macacos mais jovens

Por fim, hoje lá me tive de render à evidência. E às canadianas. E ao gelo, ao Voltaren e ao Brufen de 8/8 horas certinho.

Há pouco, D. baby-de-mulata, já deitado para a sesta, perguntou-me se podíamos ir a um concerto depois da sesta.
- Oh, filho, vai ser difícil, que a mãe mal consegue andar.
- Mas eu vou, pronto! Posso ir sozinho! E tu, se quiseres, pegas nessas cruzetas* e vais comigo!
- Quais cruzetas, baby?
- Essas... coisas... - apontando para as canadianas.
- Ah, vou de canadianas, está bem, combinado!

Três anos e já ameaça que deixa a senhora sua mãe literalmente pendurada! Isto promete!

*Cabides, no dizer do povo da Beira Alta, terra da senhora minha mãe, que cuida do baby na minha ausência.
20
Ago13

[welcome to mozambique] a música é a alma de um povo!

beijo de mulata


Já vos falei disto dezenas de vezes. Assistir a uma cerimónia ou uma celebração em Moçambique é coisa para nos deixar sem ar de tal forma os nossos sentidos são intensamente invadidos. Pelas cores vivas das capulanas das mulheres e das flores que dão vida ao espaço (onde nunca faltam os ubíquos beijos-de-mulata, que, como sabemos, nascem em qualquer degredo e se criam em qualquer chão!) e que parecem flutuar, suspensos nos fios que cruzam o espaço bem acima das nossas cabeças. Somos quase impercetivelmente inebriados pelo suave perfume das flores do frangipani que nos evoca o cheiro exótico da noite africana e pelo cheiro da terra, da erva, dos rios que correm próximo e das flores silvestres, a que se mistura o odor a corpos, que longe de ser desagradável, subitamente faz sentido naquela mescla de sensações que nos prende com toda a força à realidade!

E a música é arrebatadora! O ritmo quente dos batuques e a harmonia espontânea das várias vozes preenche-nos a mente e instiga-nos a dançar, nem que seja em fantasias, numa energia que nos sacode a alma. Tudo parece um milagre, de tão fácil e intuitivo que aparenta. Quase diríamos que não era possível haver quem cantasse ou tocasse assim sem nunca ter tido aulas de música. Mas várias vezes assisti ao prodígio de ensinar uma música às meninas que viviam com as irmãs e, à quarta ou quinta vez que a cantavam, já havia duas ou três que entoavam uma segunda voz, criada no momento, acrescentando à melodia cores e profundidades anteriormente insuspeitadas. São dons de quem, "desde a capulana de sua mãe"*, foi ensinado a que saber cantar e dançar é tão importante como saber falar ou ter boas maneiras em sociedade.

* Expressão equivalente a "desde o berço".
09
Ago13

[coisas que me confortam] como mulher, como mãe e como loira a toda a prova!

beijo de mulata
Há tempos, embora eu não fosse de todo fiel seguidora da mítica palavra de Pipoco, cumpriu-se a profecia bíblica que asseverava que se a mulata não fosse ao encontro do Pipoco mais salgado da blogosfera, seria o próprio Pipoco que haveria de ir acrescentar algum sal ao mato. E vai daí, o tio Pipoco linkou o beijo-de-mulata. E eu, que nunca tinha ido visitar o salgado Pipoco, mais o seu alter ego, Ruben Patrick, fui olhá-lo (com algum voyeurism), pela sua janela.

Foi nessa altura, mais ou menos, que o ilustre Pipoco escreveu qualquer coisa como (cito de memória, que não consigo encontrar o post exato): "Tendo a não me sentir atraído por mulheres que ostentem o interior do carro desarrumado ou com lixo." E a verdade é que a loira que há em mim ficou aterrada! Literalmente sem ar. A mulata que me habita, por seu lado, sentiu um desconforto inenarrável, como se tivesse sido avistada em público com uma capulana do avesso. Não conseguia conceber tamanha injustiça e falta de compreensão para com quem tem de viver diariamente com dois cromossomas X* e ainda assim faz um esforço hercúleo para funcionar como se nada fosse. Desde quando é que a feminilidade de uma mulher se mede por esses cânones? Já a mãe que estava a nascer dentro de mim acatou o recado como se de uma ordem se tratasse, e começou a dar a atenção devida ao assunto, que há que dar o exemplo desde sempre!

E foi por este desconforto, admito, que nunca mais segui a palavra de Pipoco. E também foi por isto que passei a arrumar o carro como se fosse o meu escritório.

Até ao dia em que a minha querida Mimi Burnay me fez um genial saco para o carro! Lindo, com um estampado floral exterior e plastificado por dentro, à prova de todo o tipo de lixo. Eu ganhei uma alma automobilística nova, uma confiança e autoestima que nem 50 horas de ginásio e esteticista conseguem conferir. E o meu carro ganhou um acessório novo. E lindo. À prova de Pipoco!

(É tudo por hoje, a silly season continua dentro de momentos...)


 
O épico saco de lixo para o carro, por Mimi Burnay!


* Isto não é uma aneuploidia?!
12
Jan13

[deve ser pecado] janela indiscreta...

beijo de mulata
Deve ser pecado partilhar ainda mais isto convosco, valha-me São Paulo do cavalo bravo... Mas não não vou deixar de o fazer... Como dizia um padre amigo meu, não preciso de ir para o céu, que os meus amigos também não vão para lá! Ontem tive uma surpresa agradável quando uma amiga me ligou a dizer que fosse depressa ouvir a Antena 1. Não fui, que o baby-de-mulata estava a acordar do seu sono de beleza. Mas ouvi depois em Podcast. Obrigada, Pedro Rolo Duarte!

Bom fim de semana!

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