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Jul11
[outras palavras] a loira do jeep parado no semáforo
beijo de mulata
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-m7eHhCWryjw/Ti9I5XqxtMI/AAAAAAAAA1c/Ie4fTnaTAX4/s1600/DSCF0049.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="303" src="https://1.bp.blogspot.com/-m7eHhCWryjw/Ti9I5XqxtMI/AAAAAAAAA1c/Ie4fTnaTAX4/s400/DSCF0049.jpg" t$="true" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Mj5nYuEoJKU/Ti9I8z9INDI/AAAAAAAAA1g/j8wZbhQwvsg/s1600/Maputo+-+menina.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-Mj5nYuEoJKU/Ti9I8z9INDI/AAAAAAAAA1g/j8wZbhQwvsg/s400/Maputo+-+menina.JPG" t$="true" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Crianças...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><em>(Maputo, Moçambique)</em></div><br />Um <em>post</em> de Eduardo Castro, do <strong>ElefanteNews </strong>(o <em>link</em> está ali na coluna da direita, sob a vénia de <em>olavula sana</em>), tão real e tão verdadeiro que não resisto a partilhá-lo.<br /><blockquote>Parado no sinal fechado, voltando do almoço, vi a loirinha abrir a janela do Jeepão 4×4 e fazer um gesto pra menino que estava ali, no cruzamento das avenidas Mao Tse Tung (ele mesmo) e Julius Nyerere (ex-presidente da Tanzânia), zona nobre de Maputo. O garoto veio, correndo entre os carros. A moça deu a ele dois saquinhos – um azul e outro rosa. Eram de algodão doce. Os olhos do menino ficaram bem arregalados, e muitos foram os sorrisos e agradecimentos.<br /><br />Abriu o sinal, o trânsito andou, o Jeepão foi embora, e eu, sem vaga pra parar o carro, acabei por ter que dar outra volta no quarteirão, parando quase no mesmo sinal fechado, uns dois minutos depois da cena inicial. Tempo suficiente para ver o mesmo menino, os mesmos saquinhos. Só que agora, ele já estava tentando vendê-los.<br /><br />Decepcionado com tanta “ganância”? Não fique. Sorriso e algodão doce podem até preencher o coração do menino de amor, mas não mata a fome dele. O que mata a fome dele é xima: água e farinha de milho, base da alimentação de milhões e milhões de africanos.<br /><br />“Quebra um pouco o encanto”, mas pobreza não tem encanto. Olhos azuis cercados por cabelos amarelos, quando encontram olhos pretinhos num rosto tristonho, costumam brilhar de compaixão e piscar intensamente, cheios de doçura – mas não enchem barriga.<br /><br />Pra alguns também “quebra o encanto” saber que aquele agasalho velho que foi doado para “os pobres da África” não é entregue a um “pobre da África”. É destinado a instituições (em alguns países é mesmo o governo que faz isso) que – segure seu queixo, loirinha – vendem essas roupas, aos fardos, para revendedores locais. <br /><br />Há verdadeiros mercados só com as roupas doadas. Aqui em Moçambique chamam a isso de “Calamidades”. “Comprei nas Calamidades”, é a frase. Camisas, calças, cintos, vestidos, agasalhos, sapatos, cobertores, tecidos, chapéus, toalhas, sacos de dormir, barracas de lona, fogareiros. Tem de tudo nas Calamidades.<br /><br />Sim, loirinha: eles vendem aquele vestidinho que você doou “com tanto carinho”. E isso é ótimo. Gera emprego e renda pro vendedor, distribuidor, revendedor, costureira que conserta o que não vem bom, motorista do caminhão. Alguém usa a roupa, mas alguém também ganha dinheiro – e compra farinha pra fazer xima.<br /><br />“Mas estão lucrando em cima de mim! Da doação que fiz com tanto carinho!” Bom, chegamos ao ponto da indignação, então: é que eles ganham, e não você – que doou “com tanto carinho”.</blockquote>Ler o resto do <em>post</em> <a href="http://eduacastro.wordpress.com/2011/07/24/a-fome-na-somalia-e-a-loirinha-no-sinal/">aqui</a>.