06
Fev12
[iapala] os rumores de santidade...
beijo de mulata
(continuando a história que começou aqui...)
Quando, dias depois, o Sr. Cachimome falou do rumor que corria em Iapala foi a minha vez de me intrigar. Fiquei desconcertada, confesso. Diria mais: de facto na altura fiquei um pouco desiludida até... Quase irritada. Porquê aquele alarido todo? Para quê aquela romaria ao hospital, alqueles olhares furtivos para dentro da enfermaria e do meu gabinete de consulta? Tinha sido apenas umaunidade de sangue. Um gesto banal que requer muito pouco esforço. Eu não tinha dado um rim, valha-me Deus! Não me tinha custadorigorosamente nada. Se eu tinha feito algum esforço tinha sido para estar aliem Iapala, longe de tudo e de todos, longe da minha família, de licença semvencimento e com uma passagem de avião paga por mim. Tinha sido difícil vencero receio, a inércia, a vontade de passar mais tempo com a família e com osamigos, o receio de sair da tal “zona de conforto”. Mas mesmo esse esforço,no fim de contas, não tinha sido assim tão grande. Somos felizes quando não desistimos e lutamospor aquilo que amamos! Mas claro, isso em Iapala ninguém se tinha questionado.Estava longe demais da sua própria realidade para perceberem o que quer queseja do esforço que tinha sido chegar ali. Dar sangue era um gesto que estavaao alcance de qualquer um e por isso conseguiam raciocinar sobre ele, colocar-seno meu lugar. Isto sim, deu-me que pensar…
(continua...)