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Out14
[post que era para ser só um comentário] ainda as listas dos criminosos sexuais contra crianças
beijo de mulata
Obrigada por voltares, Rita! É um post brilhante e com uma excelente argumentação. Só queria acrescentar alguns pontos... Eu concordointeiramente contigo quanto ao facto de ser descabido publicar listas do quequer que seja. Tu já argumentaste magistralmentecontra esse ponto. Mas a meu ver há um problema na definição de conceitos.
Mas ocasionalmente, essas pessoas interiorizam que este atoé condenado pela sociedade, podem refletir sobre isso e, sobretudo depois deterem sido condenadas por um abuso que cometeram, podem entrar em tratamento e,até certo ponto, controlar o seu impulso. Nesses talvez valha a pena investir.
A verdadeira questão é que, em criminologia em geral, esegundo a lei portuguesa em particular, os crimes de pedofilia são quaisquercrimes sexuais cometidos contra crianças ou adolescentes, pré-púberes ou não.Dentro da categoria "pedófilo" estão criminosos sexuais em geral, quecometem crimes contra qualquer pessoa e, "por acidente", tambémcontra crianças, e psicopatas cuja escolha de crianças lhes aumenta o prazerpor se tratar de alguém com menor poder e menor capacidade de reação. Sãosobretudo estes que passam ao ato. São quase só estes que são condenados. Sãoquase só estes que aparecerão nas listas. Listas estas que condeno, por todasas razões que tu argumentas. Menos as que dizem que os pedófilos são tratáveis.Porque muitas vezes não são.
Confesso que por vezes não me apetece ser contra as listas.Sobretudo quando vejo uma criança atrás de outra a ser abusada pela mesmapessoa. E quando pergunto: "Mas esse homem não estava debaixo de olho? Ninguémtinha avisado a mãe que o homem que tinha metido lá em casa era um criminososexual?"
E as respostas não são simples. Por vezes a mãe não tinhasido avisada. Por vezes tinha sido avisada e não tinha acreditado na polícia ouna assistente social. Se o perfil dos criminosos é complexo, o perfil dasvítimas é ainda mais intrincado...
Quem não é psiquiatra nem trabalha em saúde mental, pode nãoter noção que por detrás da palavra "pedófilo" podem estar conceitosmuito distintos.
Segundo o DSM, o manual/ "catálogo" de doençasmentais, o termo "pedofilia" é isso mesmo que descreves: umaorientação sexual. Uma atração preferencial por crianças pré-púberes, antes daadolescência. Também diz que essa atração é egossintónica, ou seja, a pessoamuitas vezes não se sentem mal com isso, tal não as impede de funcionarnormalmente em todos os outros aspetos da sua vida em sociedade e não criadificuldades inter e intrapessoais significativas. Como tal, um pedófilo assimdescrito não procura ajuda. Já daqui vem uma dificuldade. Por vezes passam aoato com crianças que estão ao seu alcance (dentro e fora de casa). Mas ocasionalmente, essas pessoas interiorizam que este atoé condenado pela sociedade, podem refletir sobre isso e, sobretudo depois deterem sido condenadas por um abuso que cometeram, podem entrar em tratamento e,até certo ponto, controlar o seu impulso. Nesses talvez valha a pena investir.
A verdadeira questão é que, em criminologia em geral, esegundo a lei portuguesa em particular, os crimes de pedofilia são quaisquercrimes sexuais cometidos contra crianças ou adolescentes, pré-púberes ou não.Dentro da categoria "pedófilo" estão criminosos sexuais em geral, quecometem crimes contra qualquer pessoa e, "por acidente", tambémcontra crianças, e psicopatas cuja escolha de crianças lhes aumenta o prazerpor se tratar de alguém com menor poder e menor capacidade de reação. Sãosobretudo estes que passam ao ato. São quase só estes que são condenados. Sãoquase só estes que aparecerão nas listas. Listas estas que condeno, por todasas razões que tu argumentas. Menos as que dizem que os pedófilos são tratáveis.Porque muitas vezes não são.
Os tais pedófilos de que falas, os que cumprem os critérios doDSM, sobretudo os que cometem abusos dentro das próprias famílias, quase nuncasão condenados. Por mais diferenciadas que sejam as mães e os outrosencarregados de educação, quase nunca têm coragem de levar o processo adianteaté à condenação porque não querem ver o pai das crianças preso. Porque no fundoquem sofre sempre são as crianças. E ninguém quer que o seu filho seja apontadocomo “o filho do pedófilo”.
Ou seja, neste caso (o das listas de criminosos sexuaiscondenados por crimes contra crianças) pedófilos não são doentes mentais quedevem ser ajudados. Neste caso pedófilos são criminosos que, na sua maioria têmperturbações graves da personalidade, na sua maioria psicopatas, e têmcompulsão a repetir o ato, mesmo depois de terem sido condenados. Confesso que por vezes não me apetece ser contra as listas.Sobretudo quando vejo uma criança atrás de outra a ser abusada pela mesmapessoa. E quando pergunto: "Mas esse homem não estava debaixo de olho? Ninguémtinha avisado a mãe que o homem que tinha metido lá em casa era um criminososexual?"
E as respostas não são simples. Por vezes a mãe não tinhasido avisada. Por vezes tinha sido avisada e não tinha acreditado na polícia ouna assistente social. Se o perfil dos criminosos é complexo, o perfil dasvítimas é ainda mais intrincado...
O que eu sei é que por vezes vejo crianças, vítimas duranteanos de violência (sexual ou não), completamente destruídas por dentro na suaautoestima e integridade psicológica, por pessoas, supostamente cuidadoras,fossem pais, padrastos, tutores, padrinhos e que, a muito custo, as mães lá seorganizaram para se livrarem deles. E, meses ou anos depois, pergunto às mães:"Onde está esse homem?" E elas respondem: "Tem uma nova família."
E eu arrepio-me. Quase que poderia ser a favor das listas,não fossem elas atentados contra os direitos humanos e o direito à privacidade.Não fossem elas prejudicar ainda mais as famílias deles, já de si devastadas.Não fossem elas ineficazes. Mas acho que se deveria preparar melhor as equipasque estão no terreno, articular melhor com os serviços de saúde mental, com asassociações de apoio à vítima. Deveria haver um mecanismo previsto na lei quese poderia aplicar em caso de reincidência ou comprovada compulsão a repetirpara manter os criminosos debaixo de olho a longo prazo depois de terem sidocondenados. Isto sim era responsabilizar o estado e não criar alarme nacomunidade. Isto sim seria descansar a comunidade e não criar uma comunidade emalerta permanente.Obrigada mais uma vez, Rita, por voltares.