Há poucos dias, antes da sesta, a minha mãe contava pela enésima vez ao baby-de-mulata a história do David e Golias (a quem o baby teima em chamar Gorilas), quando aquela alminha resolveu puxar mais um assunto difícil...
- Avó, o Rei David já morreu? - Já, meu querido, o Rei David já morreu há muitos, muitos anos, que esta história aconteceu ainda antes de o Jesus ter nascido... - Ah... pois, avó... Eu sabia, foi há mesmo muitos anos. [Ainda não era aqui que ele queria chegar, certamente.] Mas ele morreu porquê? - Porque era muito velhinho, querido. [A resposta chapa-cinco lá de casa, não há cá mais explicação nenhuma antes dos sete ou oito anos, altura em que entrará a nuance chapa-sete à baila, das doenças e dos acidentes, muito mais ansiogénica e que por enquanto, felizmente, ainda não apareceu.] - Ah. Pois, avó, era velhinho... E para onde é que ele foi? - Foi para o céu. - E quando eu morrer também vou para o céu? [Ah, era aqui que ele queria chegar!] - Sim, querido, quando morrermos vamos todos para o céu. - Tu também vais? [E aqui também...] - Sim, filho, eu também. - Ah, então já sei! Posso ir ao teu colo? - Claro que sim, querido! [A minha mãe, já com a voz embargada... Como se explica o que nem nós próprios compreendemos? Como aplacar a angústia do desconhecido de uma criança?] - Pronto, então está decidido, quando morrer vou para o céu ao colo da vovó! E depois, avó?... Voltamos cá para baixo?
*Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
Na consulta de desenvolvimento, hoje, estava a ver um menino com uma perturbação de identidade de género, com um conflito latente enorme com o pai, que fica literalmente doente quando vê o menino a dançar ballet. Tem um ataque de nervos, sobe-lhe a tensão, sente-se desfalecer, fica com dores no peito, falta de ar, tem de ir para o hospital, que lhe dá um fanico, dois chiliques e três achaques. Haveria certamente quem dissesse que esta reação também é um pouco exagerada, mas enfim, cada um reage como pode (e aqui para nós, é assim que a gente percebe que o-menino-tem-a-quem-sair,-mas-enfim,-eu-não-disse-nada).
- O que é que queres ser quando fores crescido? - Quero ser bailarino! - responde com um brilho nos olhos, de quem a mera palavra "bailarino" enche a alma. - Que bonito, e o que gostarias de ser se não fosses bailarino? - Acho que tinha também jeito para ser médico. - Ah, acho que sim, que terias muito jeito! Sabes falar muito bem com as pessoas. E olha, aquele teu amigo, o David, aquele que gosta de dançar Hip-hop e pratica capoeira. O que é que ele quer ser quando for crescido? - Ele quer ser Presidente da República... Ou então condutor do metro.
*Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
Ouvido da cozinha: - Filhote, anda aqui ajudar o pai - chamava Mr. Shaka da sala. - Não posso, pai, estou aqui a treinar este gorila para o combate com o leão!
E tenho a dizer que assisti ao combate horas depois e quem ganhou foi o gorila! Temos Fernando Santos!
(Depois da vitória de Portugal parece que todos acreditamos mais um bocadinho...).
*Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
Até há pouco mais de duas semanas eu tinha mais um menino do que tenho hoje na minha consulta. Desde há pouco mais de duas semanas que não o tenho... Mas é precisamente desde há duas semanas que tenho uma história aqui atravessada nos dedos para vos contar.
Eu sei que não é o timing, deixem-me flagelar-me... Nunca é, também... Portugal foi campeão do Europeu e, mal um gajo teve tempo de inchar de ser Português e já temos de ser franceses outra vez e vamos lá ver se não temos de ser turcos já amanha. Os acontecimentos sucedem-se a uma escala que não é a da minha consulta, porque lá as vidas são pequeninas. Pequenas demais para se verem do alto do facebook. Mas se só vivermos à escala mundial acontece-nos como a uma amiga minha, que há uns tempos se queixava de que a indecisão entre o aquecimento global e a vinda de uma nova era glacial estava a deixar o seu sistema imunitário louco. Confesso que admiro profundamente quem consegue perspetivar à escala planetária aquilo que acontece na sua mucosa nasal (e o que escorre dela). Mas eu continuo a ser loira. Loira com dois neurónios, um dos quais viúvo. Por isso só me ocorreria que a minha amiga teria uma rinite. Mas isso tem a modesta vantagem de, em vez de aconselhar o Protocolo de Quioto, quase impossível de cumprir e que, na melhor das hipóteses, só poderá reverter as alterações climáticas dentro de várias décadas, prescrever antes um anti-histamínico e, em calhando, no dia seguinte a minha amiga estaria boa! Ou pelo menos melhor. O que se perderia em superioridade moral ganhar-se-ia em simplicidade e qualidade de vida. Mas enfim, longe de mim ditar tendências.
Mas vá, tudo isto para dizer que tenho a história de uma vida pequenina para vos contar: encham-se lá de paciência, meus amigos... Ninguém vos obriga a vir aqui, que isto já não é o mato divertido de uma loira anónima mas, já que cá estão, não se vão embora sem tomar uma pinga de chá. O meu menino não era o Cristiano Ronaldo, mas era um bom menino. E tem uma história que merece ser contada. É rápida, de qualquer forma. E conta-se em três penadas:
Tenho um menino na minha consulta que viveu numa instituição praticamente desde o dia em que nasceu, abandonado pela mãe na maternidade. Prematuro de 28 semanas porque a sua progenitora consumia cocaína e, num pico de tensão enquanto snifava mais uma dose, teve um descolamento de placenta. Extremo baixo peso ao nascer. Tinha menos de um quilo quando nasceu, esteve ventilado mais de um mês, teve várias septicémias. Na primeira ecografia cerebral percebeu-se que o descolamento de placenta e a cocaína tinham tido consequências ainda mais graves do que a própria prematuridade: o menino tinha tido um AVC que lhe destruíra uma parte importante do cérebro. Para cúmulo, meses depois confirmou-se mais um presente envenenado: infeção vertical por VIH.
Foi este menino que me chegou há um ano à consulta. Era um menino sorridente e bem disposto. Persistente. Depois de meses de fisioterapia começou a andar apesar do cérebro que lhe faltava. Chorava quando se ia embora da consulta porque estava ávido de qualquer atenção. Tentava sempre levar um brinquedo de cima da minha secretária numa carência de afeto indescritível. Dizia algumas palavrinhas (água, papa, olá). Graças ao zelo das funcionárias do lar tinha uma carga viral indetetável desde o primeiro dia. Sorria com confiança para todos à sua volta porque as pessoas que cuidavam dele, apesar de não serem família, sempre lhe tinham sorrido de volta.
Mas há duas semanas, na hora da consulta dele, vi chegar um casal holandês com uma cadeirinha de passeio. Lá dentro vinha o meu menino, a cantar uma canção em holandês. Contra todas as expetativas, o menino tinha sido adotado cinco semanas antes e vinha à consulta já com os pais adotivos. Estavam os três radiantes! Desde há cinco semanas os pais tinham assistido a uma explosão de desenvolvimento. O menino, outrora com um atraso de desenvolvimento grave, que só começara a andar com meses e meses de fisioterapia, tinha começado a correr, a subir escadas, a saltar. Já compreendia holandês. Cumpria todas as ordens que a mãe gentilmente lhe dava: "Vai dar um beijinho à doutora", "Vai arrumar este livro na caixa azul". Já fazia frases em holandês. Estava feliz. Mesmo feliz. Mas no momento em que a mãe lhe disse: "Agora vamos para casa", fez menção de chorar, como fazia habitualmente. Começou a fazer beicinho. Agarrou-se a mim e aos brinquedos que tinha na mão para os levar com ele, no desespero de quem tenta prolongar o momento de atenção e alegria que vivera ali. Gelei por instantes, pelo desconforto que os pais poderiam estar a sentir. Pela angústia de separação do menino. Foi então que de repente, os olhos do menino brilharam novamente. Olhou de novo para a mãe como quem pensa: "Alto, espera aí...". Ela estava ali, à sua espera! Agora tinha uma mãe! E um pai! Afinal já não estava triste. Afinal tinha um sítio para onde ir que era muito mais feliz e seguro do que aquele. E saiu novamente a cantar, na sua cadeirinha, uma canção em holandês, que não me sai da cabeça desde então.
É tão, mas tão bom ver alguém fintar o destino!
*Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
Numa sociedade em que as crianças têm cada vez mais acesso precoce a perigosos distratores visuais - televisão, tablet, telefone, computador - o processamento verbal e auditivo e, por conseguinte, a leitura e escrita podem ficar seriamente comprometidos.Eu tento proteger o meu filho com unhas e dentes (sem fundamentalismo, claro, apenas prego uma valente rabecada de alto a baixo a quem se atrever a chegar perto da minha cria com um dispositivo eletrónico) e tendo cativá-lo para atividades mais físicas e apelativas.Ontem, ao jantar, o baby-de-mulata queixava-se de que a cadeira abanava. Foi então que descobri que alguém anda a boicotar as minhas nobres intenções. Virou-se para o tio que jantava connosco e disse com um olhar de entendido:
- Acho que tens de fazer uma atualização a esta cadeira!
*Voz branca - Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
Há dias, antes da história de adormecer, lá nos resolvemos, eu e o baby-de-mulata, a escrever "a carta" ao Pai Natal, que dezembro já ia bem avançado e urgia ter ideias claras sobre os desejos do rapaz para na hora da verdade fazer os seus olhos brilhar. Ditou-me a carta como se tivesse escrito cartas toda a sua vida (acho que aprendeu com um vídeo do YouTube do que costuma ver com Mr. Shaka, o seu papá-maravilha... um vídeo do Monstro das Bolachas da Rua Sésamo que faz rir os dois à gargalhada ante o meu olhar atónito. Para mim não tem grande graça, mas os dois ficam horas perdidas deliciados a repetir o mesmo vídeo, procurem e depois digam-me o que acham, se sou só eu que sou sisuda e exigente ou o sketch tem mesmo piada...).
Depois de me ditar três ou quatro objetos do seu ímpeto consumista, perguntou-me: - Mas, mãe, o Pai Natal verdadeiro também pode pedir presentes?! - Penso que não, filho, só as crianças é que podem pedir - respondi, divertida - mas porquê? Se fosses tu a pedir para ele, o que é que tu gostavas de pedir? - Um Pai Natal igual a ele, para poderem brincar! Ele deve sentir-se muito sozinho e viajar com companhia é mais giro...
Há dias, no colégio do baby-de-mulata, tivemos mais um TPC dos tais que me assustam e me deixam sempre a tremer com a sensação de "mas agora como é que eu vou pegar nisto, valha-me-Nossa-Senhora-e-o-Menino-e-tudo-e-tudo-e-tudo, mas esta gente julga que eu consigo fazer alguma coisa das minhas mãozinhas que não seja palpar barrigas e passar receitas?"...
Nestas alturas vêm-me sempre recordações dos suores frios das aulas de educação visual e de trabalhos manuais, em que achava que não ia conseguir fazer o que me era pedido e em que tudo era tudo muito penoso. Mas, enfim, lá acabava por achar uma solução: fazia composições com os pintores surrealistas, procurava inspiração em revistas e enciclopédias, copiava, imprimia, texturava... tão diferente de alguns colegas que faziam tudo de forma espontânea e criavam com as suas mãos em minutos o que me demorava horas a planear... No final dos períodos os professores acabavam sempre por me dar 5 "porque era muito esforçada e muito criativa, muito cumpridora e muito motivada". Nas informações finais apareciam todos os elogios mas jeito era mesmo o que eu não tinha de todo... E gosto então... zero! Quando cheguei ao 10º ano pensei que estava livre para sempre. Até o baby-de-mulata ter ingressado no jardim de infância...
Ora desta feita tínhamos um anjo para fazer a partir de... um rolo de papel de cozinha!
Com ar de pânico, desabafei com a auxiliar da sala, que foi a minha auxiliar também quando eu própria andei naquele colégio: "Ah, e agora? Será que vou ser capaz?" "Claro que és capaz!" (Ainda me trata por tu, aquela fofura...) E foi então que me enchi de brios e lá planeei a empreitada. O problema eram as asas. Mas como é que se faziam umas asas de anjo?! Foi então que me veio a solução: o meu anjinho seria um anjinho-engenhocas e em vez de asas teria...bem... outra coisa! O baby-de-mulata adorou a ideia e ajudou-me a inventar uma história, que fez vibrar os amiguinhos:
"Era uma vez um anjinho pequeno chamado anjo-de-mulata, que vivia com a mãe, a anja Rafaela, o pai, o anjo Gabriel e o irmão mais novo, o anjinho Miguel. [Aqui houve algum desentendimento inicial, dado que o baby-de-mulata queria que o irmão se chamasse Mr. B, e a mãe queria que se chamasse David, pelo que acabou por se chamar Miguel, como conforme as escrituras].
O anjo-de-mulata era um anjinho muito bem disposto e alegre, que adorava voar pelos céus, sobre o mar, atrás das gaivotas. Também adorava fazer coro com os pássaros da floresta, tocando trompete e, todos os dias, ao fim da tarde, ia jogar à bola, entre as nuvens, com as andorinhas que sobrevoavam o rio. Todas as manhãs, antes de sair de casa, os pais do anjinho recomendavam-lhe: “Não voes muito perto do sol, meu querido, voa baixinho porque as tuas asas ainda foram coladas há pouco tempo e a cola pode derreter com o calor do sol”. E, claro, o anjo-de-mulata tinha sempre cuidado quando o sol estava muito rijo, e só começava a voar mais alto ao fim da tarde, depois de o sol se pôr.
Até que um dia, distraído atrás de uma gaivota divertida, voou um pouco mais para cima e não reparou que o calor do sol lhe estava a derreter as asas… Quando deu conta que as asas estavam a cair já era tarde demais e… catrapum! As asas caíram e o anjinho, não tendo onde se segurar, caiu também, desamparado no chão. A sorte foi ter caído sobre um monte de roupa que as senhoras à beira do rio estavam a lavar e rebolou para a relva [aqui a história também difere da história de Ícaro porque o baby não concordou que o anjinho caísse no mar porque nada nos garante que os anjinhos saibam nadar, e a água do mar é muito fria. Por isso, preferiu rebolar para a relva porque é mais fofinha…]
A partir desse dia, o anjo-de-mulata deixou de conseguir voar. Mas o pai, Gabriel, fazia tudo para que ele não se sentisse sozinho: andava com ele às cavalitas pelo céu adentro, jogava com ele à bola todas as tardes depois da escola, com o pequeno anjo a guiar: “Pai, mais para a esquerda, pai, mais para a direita, olha ali atrás da nuvem, vem aí a andorinha avançada, ora bolas, golo!” Mas o pai às vezes atrapalhava-se e em vez de ir para a esquerda ia para a direita e os golos acabavam por entrar na sua baliza. E o pior era que o anjo-de-mulata estava a crescer e a ficar muito pesado. E o pai estava a ficar velho e cansado… O anjo-de-mulatasó pensava: “Se eu pudesse voar sozinho não precisava de estar sempre à espera do meu pai, a cansá-lo, às cavalitas dele, podia voar como eu quisesse e brincar onde e quando me apetecesse…”
E foi então que o anjo-de-mulata começou a pensar. E pensou, pensou, pensou, até que teve uma ideia brilhante:
- Pai, eu não posso voar como um pássaro porque já não tenho asas… mas há mais coisas que voam, não há? - Sim, meu filho, há mais coisas que voam: aviões, helicópteros, balões… - Sim, pai! Tenho uma ideia, se eu não posso voar como um pássaro, talvez possa voar como um helicóptero. Basta pôr uma hélice no lugar das asas!
E foi então que o anjo-de-mulata se transformou num anjo-a-jacto, bem disposto, veloz e feliz!"
Pergunta-me o baby-de-mulata, acabado de acordar, espreguiçando-se com um ar muito pensativo, enquanto recebia a minha massagem de acordar (a massagem-de-pôr-o-bacalhau-no-esqueleto, como a minha mãe lhe chamava): - Mãe, o que há para além do universo?
(Ai, valha-me Santo Ambrósio, agora o que é que eu respondo um caramelo a quem a modorra da manhã dá para filosofar? Logo eu que de manhã nunca tenho nada de poético para dizer... Quando era mai nova também me interrogava sobre a origem do universo e os seu caráter infinito, agora interrogo-me mais sobre o que poderá ser o jantar e se a roupa estará enxuta para a Dona Teresa passar a ferro...)
- Para além do universo? Hum... Bem... só se for o céu do Jesus... - Então, mamã, eu gosto de ti até ao céu do Jesus... e voltar!
Tenho um menino na minha consulta que quer ser cientista. Conheci-o há uns anos, muito aflito após a separação dos pais, com algumas birras perfeitamente compreensíveis. Agora está mesmo feliz, com uma vida cheia de futuros! Está no pré-escolar e, a propósito das primeiras chuvas de outono, a professora ensinou-lhe o ciclo da água, o que o deixou fascinado.
Há dias, durante a consulta, olhou pela janela, viu os grossos pingos de chuva que se agarravam ao vidro e comentou: - Eu bem sabia que ia chover! - Então, filho - perguntou a mãe, bem disposta - como é que sabias? - É que ontem te vi a passar a ferro e percebi que o vapor de água estava a fugir pela janela. É por isso que hoje está a chover!
Tenho um menino de 8 anos que sigo há vários anos. Teve um diagnóstico de autismo depois da primeira infância (já nem sei aos três ou quatro anos), mas entretanto, com o investimento da mãe e múltiplos profissionais envolvidos, fez uma evolução notável. Não quero agora discutir se o diagnóstico estaria correto. Olhando para trás e tendo em conta a evolução, podemos pensar que não estaria. Eu não sei, não fui eu que fiz o diagnóstico e não estava lá para ver, o que eu sei é que ele evolui de dia para dia. Atualmente é um menino doce, que se explica muito bem verbalmente, já tem até algum sentido de humor e começa a ter criatividade e imaginação. É também incrivelmente impulsivo, agitado, difícil de acalmar nas múltiplas birras que continua a fazer por dia. Na última consulta, depois de o ter conseguido acalmar, pedi-lhe que me fizesse um desenho.
Saiu esta obra magnífica e colorida! Perguntei-lhe o que era. Respondeu-me que era um "super-jardineiro, amigo do ambiente". Já estou habituada a surpresas deste tipo, mas quase que choro só de me lembrar como estava este menino da primeira vez que o vi em consulta...
A sério que da próxima vez que alguém me disser que baixa os braços perante de um diagnóstico de autismo lhe mostro este desenho!
Tal como há poucos meses um menino com um autismo profundo, sem linguagem funcional, de repente começou a escrever no computador. E meses depois estava a usar a linguagem escrita para fazer pedidos simples. A mãe perguntava-me, incrédula se isso queria dizer que o menino sabia ler...
Respondi-lhe que temos de aceitar os milagres! Tal como ela nunca desistiu do filho e sempre aceitou o diagnóstico e fez por ele tudo quanto conseguiu fazer, também tinha de saber aceitar as coisas boas.