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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

06
Jan13

[eu não mereço, eu sei] mas soube tão bem...

beijo de mulata
A Sónia Morais Santos, jornalista de mão cheia e uma força de trabalho impressionante, autora do blogue "Cocó na Fralda", como obviamente saberão (até porque com grande probabilidade vieram cá dar a partir dele), escreveu um artigo sobre esta apaixonada pelo mato moçambicano nas Selecções do Reader's Digest, a revista que eu lia quando era mais nova e que me ensinou tanta coisa. Julgava-a extinta, calculem...

Não sei como foi que ela, só com notas tiradas à mão, sem gravador, escreveu aquilo que eu disse, textualmente!, e ainda interpretou o que eu não disse mas gostaria de ter dito... Até fiquei com vontade de conhecer aquela senhora que descreve. Não devo ser eu, certamente. Mas soube mesmo bem.

P.S. - Antes que perguntem, o vestido, que eu adoro, é feito com panos africanos, mas infelizmente não foi feito em Moçambique. Foi comprado em Londres, no Spitalfields Market a uma tiazoca bem disposta.
17
Nov12

[pode-se desidratar de tanta baba?] isto anda mesmo do piorio...

beijo de mulata
Então não é que ontem me mandaram o link de um artigo no Capeia Arraiana sobre o meu livro "A Missão"? Ainda para mais o Capeia Arraiana é um blogue que me toca profundamente porque versa sobre a terra da bisavó do meu baby-de-mulata, a mulher maravilhosa de que vos falei anteontem. O Sabugal é ainda sede da confraria mais improvável do país, a Confraria do Bucho Raiano, de que planeio fazer parte nos próximos meses!

E depois querem que me mantenha limpinha e hidratada... Entre baby, livro, entrevistas e tudo e tudo, vou perdendo litros de baba a torto e a direito...
16
Nov12

[instantes] e, de repente... olha!

beijo de mulata


 
A Missão está ali, na mão direita de Jesus Cristo... Sou o bom ladrão, portanto. E, sim, confirma-se: ainda hoje tenho o paraíso. Está aqui a dormir ao meu lado. [No quarto ao lado, leia-se, exmos. colegas pediatras, que eu nem sou muito contra o co-sleeping, mas o baby gosta de dormir sozinho, graças a Deus! ]
(FNAC, Chiado)
Foto da minha amiga M.
27
Out12

[sem palavras] embora venham por aí certamente umas quantas!

beijo de mulata
Ontem foi um dia tão rápido. Talvez rápido demais para o ter sentido passar por mim! Um dia cheio de milagres.

De manhã adoro ouvir o baby no quarto ao lado acordar, senti-lo dar-se conta uma vez mais de que tem um cãozinho na cabeceira e começar a palrar com ele, num discurso com muitos ão-ão-ãos e muitos pa-pa-pas, que só ele sabe o que quererão dizer... Depois conversa mais um pouco com o urso e só depois, para aí meia hora depois, é que me chama... (Sim, eu sei que isto é um discurso um bocado mete-nojo, mas ando mesmo babada e a achar que o baby é perfeito, pelo que peço desculpa aos pais cujos filhos acordam antes das seis da matina, retemperados por cinco horas de sono e fazem soar a sirene para que todos se apercebam do facto...)

Mas ontem quase nem tive tempo de o ficar a ouvir. Levantei-o assim que acordou porque havia que estar pronto a tempo. Era o dia em que íamos conhecer a Sónia Morais Santos, a blogger mais querida da blogosfera nacional, que me deixou boquiaberta há uns dias, ao me convidar para uma entrevista! E sim, é tão simpática ao vivo como parece no blogue! O baby colaborou e dormiu o tempo todo que durou a entrevista. Mesmo quando me tive de "disfarçar" de africana (num estilo afro-chic, que se não existia acabou de ser inventado) e sair para tirar fotos, ele continuou a dormir placidamente.

Eu não gosto de tirar fotos, não gosto de me expor, nunca gosto de me ver depois, e fico desconfortável, sobretudo ao pé de profissionais, mas já que tinha de ser, que agarrasse o toiro pelos cornos... E lá tentei fazer o meu melhor.

Mas o melhor ainda estava para vir... A sala do Colombo estava cheia de pessoas maravilhosas que me encheram o coração! Alguns amigos de sempre, muitos colegas e amigos que sempre admirei mas que, no caso de alguns, não via há séculos, outras pessoas que quase não tinha esperança que viessem... Estava o missionário a quem devo a minha primeira ida e o inicio da minha paixão por Moçambique, as amigas R. e F., que embarcaram comigo para Moçambique, nesta aventura que é viver com quase nada, os digníssimos representantes da APARF, sem os quais talvez não tivesse tido a coragem de ir tantas vezes... As pessoas da clínica fantástica onde trabalho, desde o segurança até aos recepcionistas, passando pela directora, os colegas da Estefânia... E, calculem, estavam também a Ursa Maior, o que me deixou incrédula (e, confirma-se, pode carregar as culpas de toda a humanidade no peito!), a São João, a Cocó na Fralda, a Zu e alguns leitores anónimos deste mato!

E a minha querida Helena Marujo, ja anteriormente linkada, teceu-me um elogio tão rasgado que provavelmente só vou receber um elogio maior no meu funeral... Milagres que eu um dia gostava de fazer por merecer...

Obrigada a todos!
24
Out12

[welcome to mozambique] ou bem... em lisboa...

beijo de mulata
 
 E pronto, meus amigos, foi de vez: habemus librum! Já temos título (a editora recusou Beijo de Mulata como título, não se compreende... lol), temos capa, temos prefácio (dois prefácios, aliás, que não há fome que não resulte em fartura, lá diz o povo!), temos resumo, dedicatória, agradecimentos e tudo o mais que era preciso para sair um livro como deve ser. E temos também apresentadora, a minha querida Helena Marujo, a mulher mais optimista e encantadora que conheço! Parece-me que podemos avançar que, na sexta-feira, a FNAC vai ser mato!

03
Set12

[publicidade institucional] habemus librum!

beijo de mulata
Tinha de partilhar isto convosco: vou lançar um livro! Um quase diário sobre a vida no hospital em Moçambique, com tudo o que havia de maravilhoso, de horrendo, de hilariante e de improvável...

Era um sonho antigo, mas que achava muito difícil que se concretizasse... Já muita gente me tinha sugerido que desse a conhecer a realidade que vivi, desde os meus amigos até aos meus queridos leitores, que fazem o favor de vir aqui ao mato mimar esta loira, cujo coração negro pulsa intensamente ao som de África.

Há tempos enviei o manuscrito para várias editoras e ainda foram algumas (umas seis ou oito) que me deram parecer positivo. Mas nenhuma das propostas me agradou... Sim, eu sei, em alguns aspectos sou uma mulher mesmo difícil de agradar.

Depois comecei a pensar em editar o livro com o patrocínio da ONG que me apoia nas missões, que tinha a certeza que me diria imediatamente que sim, ou fazer eu própria uma edição de autor. Sei que isso é comum, que provavelmente não teria prejuízo nem daria prejuízo a ninguém, mas no fundo não me parecia razoável. Será que fazia sentido gastar tanto dinheiro, sabendo que podia ser muito mais bem gasto directamente nos projectos da missão? Não, de maneira nenhuma! Seria um exercício de narcisismo gratuito. E, alheio a todos estes impasses, o manuscrito continuava alegremente na gaveta.

Mas há três semanas voltei a enviar o original a várias editoras. E houve uma que me respondeu logo três dias depois! Estavam entusiasmadíssimos com a leitura e queriam publicar imediatamente. Dias depois outra e outra e outra. Felizmente não tive de escolher. A escolha já era óbvia à partida. Depois perceberão porquê... Nem tempo tive de respirar. Assinei o contrato de publicação. Os direitos de autor vão, obviamente, reverter a favor da ONG que sempre me apoiou, e agora andamos numa lufa-lufa de capas, títulos, tamanhos de letra, prefácios e posfácios...

Em suma, meus queridos amigos: Habemus librum! Ainda não temos capa, nem título (acharam que beijo-de-mulata não era um título decente, snif), nem prefácio, nem posfácio, nem agradecimentos, mas havemos de ter isso tudo, se Deus quiser, como um livro de verdade. Porque vai já sair a 26 de Outubro!
21
Ago12

[nomes que dizem tudo #30] uma dupla imbatível

beijo de mulata


Missa dominical na Comunidade de Oito Quilómetros... Reparem no pormenor dos beijos-de-mulata suspensos no tecto, alegrando o ambiente!
(Ribáuè, Nampula)


Há alguns anos, na comunidade de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Oito Quilómetros*, em Ribáuè (Nampula), o Padre Gasolina nomeou como animador paroquial o Sr. Cinco Litros.

E durante os anos em que Gasolina e Cinco Litros foram parceiros, a paróquia de Oito Quilómetros foi de vento em popa e floresceu como nenhuma outra na província. Dezenas de jovens descobriram em Oito Quilómetros a sua vocação religiosa. É bonito ver como podem coexistir a harmonia, a fé, a esperança e a concordância sintáctica numa mesma comunidade...

* Uma aldeia assim designada por se situar ao quilómetro 8 da estrada que liga Iapala a Ribáuè. O nome da paróquia pode ler-se inscrito na parede atrás do altar na primeira foto. Para não pensarem que invento nomes e situações... É o problema do costume: a realidade não tem a menor obrigação de ser verosímil.
02
Mar12

[bodas beijo-de-mulata] mais um ano!

beijo de mulata

A flor beijo-de-mulata.

Por entre Brufenes e Ben-u-rons, dores de cabeça e no resto do corpo (descansem que não é malária!), mais os medicamentos dos meus sobrinhos, que estão iguais a mim (ou eu é que estou igual a eles, melhor dizendo), quase me esquecia de que hoje faz dois anos que me instalei, de armas e bagagens, aqui no mato, para tentar sanar um pouco as saudades de África!

Chamei beijo-de-mulata a este longe, em honra à história do Levítico, que gosto de recordar. Obrigada a todos os que não me deixam aqui sozinha, em especial aos que vêm também matar saudades e partilhar histórias comigo!

(um) beijo de mulata


Um Chá de Beijo-de-Mulata

"Há alguns anos, ainda quase recém-licenciada emMedicina, quando estava em missão de voluntariado em Moçambique, vieram trazer-meum adolescente de 15 anos. Estávamos em Naheche, uma aldeia perdida no meio dasavana, onde nos tínhamos deslocado para a campanha de vacinação. O jovemimpressionava pelos olhos tristes de quem não dormia há muitos dias e pela faceemagrecida, profundamente escavada pela ausência do apetite próprio de quemestá a crescer. Vinha acompanhado por uma senhora idosa e afável, de olhosbaços, que se movia com a desenvoltura dos que há muitos anos se habituaram àescuridão permanente da cegueira. Alguma coisa de muito grave se passava comele, dizia-me aquela avó, num sorriso tão triste que quase parecia um pranto.Estendeu a mão para a minha e guiou-me para a face do neto, percorrendo comigocada relevo, detendo-se, certeira, em cada uma das suas inquietações…

– Esta criança não está bem – sussurrava-me –, está aficar sem corpo e a pele já sobra em toda a parte… O problema está aqui.

Os gânglios do pescoço e por cima da clavícula estavammuito aumentados, duros, aderentes às estruturas vizinhas… assustadoramentemalignos! Era possivelmente um cancro do sistema linfático, um linfoma daquelesque se for tratado a tempo não tem mau prognóstico mas que, se não se tratar, odesfecho é fatal em pouco tempo… Um linfoma de Hodgkin, se quiserem muitosaber-lhe o nome. Fiquei muito preocupada. A imagem do menino correu pelosmeios que tínhamos à disposição e uma onda de solidariedade na cidade natal deum dos padres daquela missão conseguiu angariar o dinheiro suficiente para oenviar para Maputo, a milhares de quilómetros dali, para ser tratado.

Duas semanas depois, ainda a tentar organizar a suatransferência para o Hospital Central de Maputo, observei-o novamente e noteique os gânglios se tinham praticamente reduzido a metade. Nos entretantos afamília tinha obviamente ido procurar um médico tradicional, que lhe dera abeber chá de beijo-de-mulata. Evidentemente duvidei do curandeiro. Duvidei demim própria. Não confiei na prova que os meus olhos podiam testemunhar. Acrediteisó no prognóstico que vinha nos meus livros e, com o acordo da família, transferio menino para o Maputo.

Anos depois, inteiramente por acaso, vim a descobrir quedesta flor selvagem, que cresce quase como erva daninha por todo o país, seextrai a vincristina, um agente de quimioterapia activo contra o linfoma...

A lição não veio a tempo de intervir em seu favor. Dequalquer modo hoje voltaria a fazer tudo da mesma forma. O chá debeijo-de-mulata, isoladamente, nunca o poderia ter curado. São precisos váriosagentes de quimioterapia, num cocktailinjectado veias adentro para se conseguir modificar o curso terrível do linfomade Hodgkin. Mas foi nesse momento que percebi o quanto há ainda a aprender comÁfrica."
04
Jan12

[2011 em revista] bem... acho que em março não se aprendeu grande coisa...

beijo de mulata
Pois é, meus amigos, quem veio aqui ao mato em Março do ano passado acho que não teve sorte nenhuma, que vergonha! Quem se deu ao trabalho de vir confortar-me com a sua presença e os seus comentários voltou para casa com imagens, cores, momentos e histórias, mas vendo bem as coisas, tudo passado a pente fino e espremido, espremido, acho não aprendeu nada... A culpa foi certamente da minha viagem a Nova Iorque e da rubrica bem disposta e totalmente acrítica: Mozambique vs New York que começou nessa altura!

Enfim, salvou-se o mês pela história do beijo-de-mulata e pelo Bolo de Canónigos, um outlier que veio parar à savana por causa de um lapsus linguae que há-de ficar para a história [atenção que este último post tem bolinha vermelha];

Ah, pensando bem, lendo esta história também se pode aprender a melhor maneira de fugir de um elefante no cio, o que vos pode um dia dar jeito. Nunca se sabe quando é que nos vai aparecer um elefante no cio pela frente, não é verdade?

Enfim... mas quem dá o que tem, a mais não é obrigado. A ver o que Abril nos reserva...
03
Jan12

[para não dizerem que neste blogue não se aprende nada] 2011 em revista

beijo de mulata
À boa maneira da Rita Maria, que consegue sempre ensinar-nos qualquer coisa, por mais improvável que seja, venho hoje demonstrar-vos cabalmente que aqui no mato também se pode adquirir um vastíssimo leque de conhecimentos, todos com aplicação eminentemente prática.

O que é preciso é procurar afincadamente nas entrelinhas, claro. Mas no meio dos variadíssimos posts deste mato, em Janeiro de 2011 os meus mais assíduos mais-que-queridos (e que são cada vez mais, parece impossível, valha-me Santa Rita de Cássia), poderão ter aprendido:

1º - Como ajudar a dar à luz numa bomba de gasolina [curiosamente um dos posts mais lidos de 2011];

2º - O que é que um cirurgião plástico não pode fazer (em caso algum!) caso não queira perder a reputação entre os doentes [um post a que ninguém ligou pevide mas acho que deveria ser tido em conta por todos os profissionais do ramo];

3º - Vantagens, desvantagens e eficácia de um banho de imersão com beijos-de-mulata para atrair mulheres [para quem quer conquistar uma maria-sem-vergonha];

4º - Como demonstrar aos habitantes da Zambézia que se é uma pessoa digna de confiança e com bom coração;

5º - Como foi precisamente que apareceu o primeiro homem moçambicano;

6º - Quais os limites da plasticidade cerebral (ou qual a quantidade de massa cinzenta necessária para se conseguir ler a Maria).
Tudo o resto foram relatos de histórias, instantes, imagens, alegrias e desgostos... Nada que se possa apelidar de pedagógico. Fevereiro foi depois.

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