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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

28
Out13

[os meus leitores são os melhores do mundo!] lucky escape

beijo de mulata
 
Near miss...

Talvez um dia, daqui a uns dez anos, vos possa contar o que foi que aconteceu. Ou talvez daqui a seis meses isto já não tenha importância nenhuma. Ou talvez mesmo antes.

Muitos bloggers escrevem recorrentemente que os seus leitores são melhores que os outros todos. Porque são uns queridos, porque lhes dão muita força, porque lhes enviam presentes, porque lhes escrevem mails emotivos e lindos.

Mas hoje é a minha vez de dizer que EU é que tenho os melhores leitores do mundo! E mais não digo porque não posso, embora me apetecesse falar de tubarões, de pessoas que destilam ódio de tal modo que me incomodam só de olhar para elas, embora me apetecesse falar da minha estrelinha que não me deixou ser devorada viva. O que me aconteceu, graças a um assíduo frequentador deste mato, foi o que se vê na imagem! A very, very near miss... Ou então o meu Pai é mesmo o dono disto tudo e nada de mal me teria acontecido de qualquer modo. Hoje, mais uma vez, estou agradecida... A vida é, de facto, surpreendente!
24
Out13

[histórias para o baby-de-mulata] "uma mãe para o choco"

beijo de mulata

"A Mother for Choco" é a mais recente história sobre adoção que ando a contar ao baby-de-mulata.
Há muito poucas, infelizmente. É uma lacuna grave, já que há tantas crianças adotadas em todo o mundo, e dez vezes mais crianças que, não sendo adotadas, têm contacto com crianças que o foram ou sofreram perdas semelhantes e poderiam elaborar melhor essas perdas através de uma história pedagógica e com final feliz. A minha sorte é que o baby ainda tem dois anos e portanto gosta que lhe conte sempre a mesma história, sempre da mesma maneira, sempre pelas mesmas palavras. 
Esta é também uma história sobre a inclusão, a partilha e sobre os laços de família que se podem criar quando há amor.
23
Out13

[vozes brancas*] "ainda não tens filhos?"

beijo de mulata
Uma amiga minha contou-me que uma outra colega nossa, certo dia em que foi visitar uma amiga à maternidade, levou a filha de sete anos e deixou-a na enfermaria a fazer os trabalhos de casa e a conversar com um colega mais novo, senhor de uma boa disposição e de uma espontaneidade inata para conversar com as crianças.

Quando a mãe regressou, o colega disse-lhe que a menina se tinha portado muito bem e que se tinha interessado por ele e tentado ajudar na resolução de problemas práticos da sua vida:
- Ah, sim - respondeu a mãe - ela é impecável, sempre a querer ajudar os outros.
- É verdade, é uma querida. E fez os trabalhos de casa ao mesmo tempo! Ela é supersónica, sai à mãe!

No dia seguinte, o colega contou-lhe o verdadeiro conteúdo da conversa: "Olha, tu és casado?", tinha-lhe perguntado a menina. "Sim, já sou casado com uma médica muito querida.", ao que a menina lhe perguntara de volta se gostava da mulher e se eram muito amigos. Como a resposta foi afirmativa, a menina considerou que estavam a condições reunidas para "o próximo passo". E perguntou: "E já tens filhos?" "Não, mas, sabes, gostava muito..." "Então sabes como é que se faz? Olha, tu tens uma pilinha e a tua mulher..."

...

...

* Timbre da voz das crianças antes da puberdade.
15
Out13

[outras palavras] portugal vs angola

beijo de mulata
 Diz a Bad Girl que vai a todo o lado:
Para mim ler "Angola anuncia fim de parceria estratégia com Portugal" é o mesmo que ler "Fanny termina relação amorosa com Hugh Jackman". 
Mais uma vez, deve ser das drogas.
Não faço a menor ideia de quem seja o Hugh Jackman ou sequer que tenha qualquer coisa a ver com a incontornável Fanny (que até eu conheço), mas é mesmo isto!
15
Out13

[alvíssaras!] não temais, que veio o halakavuma!

beijo de mulata
 
Um pacato pangolim comendo as suas formigas, sob o olhar atento e esperançoso dos habitantes da vila, durante a cerimónia pública de invocação de espíritos.
(Murrupula, Nampula)

Para quem não o conhece, o halakavuma - pangolim, em Português corrente - é um mamífero que vive em zonas tropicais da Ásia e da África que, segundo a tradição macua (a etnia que habita o norte de Moçambique), traz boa sorte e boas notícias. As suas escamas são igualmente traficadas para serem utilizadas como afrodisíacos. O seu aparecimento em Murrupula foi notícia no Notícias de Moçambique:
A vila sede do distrito de Murrupula, em Nampula,esteve ontem parcialmente paralisada para participar da cerimónia pública deinvocação dos espíritos pelo aparecimento de um pangolim, mamífero consideradoraro e cuja aparição é considerado na mitologia dos povos macuas daquelaregião, como sendo presságio de boa campanha de produção agrícola, entre outrasdádivas.
 “Conformemandam as tradições, tivemos que trazer o animal imediatamente para sede dodistrito para o conhecimento das autoridades, depois que se seguirá outrostipos de rituais, antes de o animal ser devolvido para o mato”- explicou Wala.
Pronto, meus amigos, não se preocupem mais. Nada há a temer, que já veio o halakavuma!
13
Out13

[outras palavras] não mais me queixarei dos roncadores

beijo de mulata

Eu sempre me queixei que os maiores roncadores do mundo tendiam a sentar-se ao meu lado nos aviões. Sobretudo nas viagens que fazia mais cansada e a precisar de dormir. E nas de longo curso. Agora que penso melhor, era sobretudo nessas. E quanto mais longa a viagem, pior o síndrome de Pickwick: mesmo que eu tentasse distraí-los e mantê-los acordados em conversa, adormeciam pelos cantos, no intervalo entre duas frases. E lá recomeçava o pesadelo...

Acho que a minha atração magnética sobre os grande roncadores da humanidade atingiu o seu zénite numa viagem de 14 horas para o outro lado do mundo, onde tinha de um lado uma amiga que dormiu o tempo todo e nem na aterragem conseguiu acordar e, do outro, o maior ressonador que já vi ao vivo (e olhem que conheço muitos ortopedistas!). Cheguei a pensar em fazer um apelo geral por um aparelho de CPAP a bordo. Ou uma aterragem de emergência. A sério, o senhor fazia apneias de meia noite e cheguei a temer pela vida dele, sobretudo numa apneia prolongadíssima que terminou num ronco que quase me matou a mim do coração. Por fim cheguei a temer pela minha sanidade mental. Os comissários de bordo tentaram oferecer-me, por diversas vezes, tampões para os ouvidos, mas a vibração, assim, a seco, sem banda sonora, era ainda mais aflitiva. A mulher dele tinha, mui inteligentemente dado de frosques e encontrava-se a uma distância prudente, mais de quinze lugares atrás, mas eu reconheci-a por ser a única pessoa que passou por mim tentando fingir que ignorava o senhor e que não me lançou um olhar de compaixão. Ah, e que usava um par de tampões de silicone nos ouvidos.

Mas mal o apanhei acordado, só saiu de lá com a ameaça de que teria de ir ao médico quando regressasse de férias, que eu era menina para fazer uma denúncia pública e nunca mais o deixar viajar de avião, a bem da pureza sonora da atmosfera a bordo e da sua própria saúde.

Mas hoje rendi-me. Há uma pessoa mais azarada do que eu, valha-me Nossa Senhora do Ar! Não volto a queixar-me.
13
Out13

[músicas para o baby-de-mulata] cirandeiro

beijo de mulata

 
Cirandeiro.
Tradicional brasileira.
 
 
E o que o baby adora brasileiradas? E o que ele adora cantar e dançar? Parece mesmo filho? de Mr. Shaka Zulu, benza-o Deus e todos os deuses africanos! E já agora que o benzam também todos os "pais de santo" brasileiros, que benzeduras nunca são demais! Adora esta música. Aprendeu-a uma vez nas aulas de música para bebés (obrigada, professor Vítor Gaspar!) e nunca mais parou de a cantar!
 
Ó cirandeiro, ó cirandeiro, ó
A pedra do teu anel
Brilha mais do que o sol
A ciranda de estrelas
Caminhando pelo céu
É o luar da lua cheia
É o farol de Santarém
Não é lua nem estrela
É saudade clareando
Nos olhinhos de meu bem.?
12
Out13

[vozes brancas*] filhos do coração? ups, cuidado!

beijo de mulata

Há tempos, na consulta, um menino de 4 anos e meio, muito desenvolto e comunicativo, brincava comigo enquanto a mãe se demorava na casa de banho com a mais nova, que estava no treino da fralda. Conheci-o quando estava prestes a fazer dois anos, acabado de chegar a casa dos pais adotivos, que se apressaram a levá-lo à consulta para que eu o olhasse de alto a baixo e declarasse, para todo o sempre naquela família: "Temos homem! Que filho mais querido... Acho mesmo que saiu o Euromilhões a cada um!"

Os pais suspiraram de alívio. Mais tarde confidenciaram-me que apenas o sentiram filho de verdade depois da consulta. Fiquei contente mas chocada ao mesmo tempo. Eu ainda não tinha conhecido o baby-de-mulata e estava muito mais longe destas realidades e dos sentimentos que vêm devagarinho. Só depois percebi que os caminhos que levam da infertilidade à adoção não são lineares nem isentos de pedregulhos. Também demorei muito tempo a perceber que a adoção não é para todos, e que, para muitos casais inférteis, a ideia de adotar uma criança é incrivelmente perturbadora: lá bem no fundo, quase significa desistir do sonho de ser pai e mãe. Não critiquem, não julguem, talvez seja preciso passar pela dor de não poder conceber para saber o que se faria num caso destes.

Mas avancemos, que este menino estava ali mesmo na minha sala de consulta e brincava com um pato e dois patinhos pequeninos de cores diferentes. Sensível às questões da cor da pele, perguntou-me:

- Estes patinhos são filhos da barriga ou também são filhos do coração?
- Não sei - respondi - temos de perguntar à mãe pata. Mas o que é que tu achas?
- Eu acho que são filhos do coração.
- Pois, eu também acho. E ela gosta dos patinhos?
- Sim, gosta muito.
- E se fossem da barriga, também gostava?
- Sim. No outro dia vi uma senhora muito gorda e a minha mãe disse que ela tinha ficado assim porque tinha tido um bebé na barriga.
- Pois, os bebés fazem a barriga crescer muito para conseguirem caber lá dentro.

Nisto, ficou de repente com um brilho no olhar, como se tivesse tido, nesse momento, uma revelação. E a mãe regressou à consulta, mesmo a tempo de o ouvir afirmar:
- Ah, por isso é que a minha mãe ficou com as maminhas tão grandes. Foi para eu caber no coração dela!

Engoli em seco, esverdeada pelo comentário... Felizmente a mãe achou graça e riu-se da saída do filho.

Seguiu-se uma longa explicação à criança. E uma pequena explicação à mãe: cuidado com as metáforas! Antes dos seis ou sete anos as crianças não têm capacidade de abstração suficiente para compreenderem a diferença entre sentido literal e sentidos figurados. Fica aqui o aviso. E esta ficou para a história!

* Timbre da voz das crianças antes da puberdade.
10
Out13

[babywearing] a semana mundial

beijo de mulata
 
Esta é a Semana Mundial do Babywearing!
(Foto postada pela minha amiga Joana, na sua página 1bigo!)
 
[Estava agora a fazer este post e só pensava: Ainda bem que os meus amigos moçambicanos não me leem habitualmente, se não estariam a olhar para mim com cara de "Duh, qualquer dia nós também fazemos a Semana Nacional de Usar Roupa Interior só para gozar convosco! Há lá outra maneira de transportar as crianças!"]
 
Eu sou uma fervorosa adepta do babywearing, que tem inúmeras vantagens para as crianças e o seu desenvolvimento e usava sempre uma capulana moçambicana para transportar o baby-de-mulata. Era pro em colocar o menino às costas, num exercício africano de equilíbrio e destreza que deixava sempre a minha mãe sem respirar e a conter-se para não dizer "Cuidado que me deixas cair o desgraçado!", mas depois trazia-o sempre para a frente porque prefiro olhar o meu filho nos olhos. Nunca o deixava nas costas, embora até achasse que ele não se importaria de ir a apreciar a paisagem. A minha amiga Joana, entretanto, conseguiu o impossível: convenceu-me a usar uma solução bem mais prática, sem panos africanos e que dava para colocar o baby diretamente à frente. Quase tive pena de deixar a tradição moçambicana, mas as minhas costas e as coronárias da minha família (que, vá se lá saber porquê, não confia na minha fantástica agilidade e destreza corporal*) agradeceram.
 
 
* E têm razão, admito...

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