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Dez11
[vozes brancas* #58] a carta ao pai natal...
beijo de mulata
Pedro, um menino de 5 anos, sempre bem disposto apesar de uma doença crónica grave que de vez em quando o faz ficar internado com dificuldade em mexer-se, sempre sorridente apesar de por vezes brincar ser impossível e de as dores o acordarem durante a noite. Uma carinha franzina e linda, muito embora as olheiras e a palidez de quem tem sempre o corpo em alerta. Um olhar sempre a direito, maroto até à quinta casa! Há meninos assim. Há meninos que têm a perfeita noção de que não se podem desmanchar nunca. Há meninos pequenos que já aprenderam a ser o suporte emocional dos pais e que não se podem demitir do seu papel de "animadores". Invertem os papéis para fazer sorrir os pais, destroçados pela doença que lhes levou o sonho de um filho saudável.
Há uma semana, no serviço de urgência, durante mais uma crise, a minha colega C. perguntou-lhe se já tinha escrito "a carta" ao Pai Natal. Que sim, que já tinha escrito. E o que lhe tinha pedido, podia saber-se? Pois que tinha pedido um puma de peluche. Grande. Mas se o Pai Natal não pudesse, então também podia ser, sei lá, um conjunto de Gormitis. Ficava contente na mesma, garantia.
Ontem na consulta a C. voltou a perguntar-lhe o que tinha pedido ao Pai Natal.
- Ah, eu ontem escrevi-lhe uma carta e pedi-lhe outra coisa.
A mãe muito espantada, com cara de "agora-que-eu-já-tinha-tudo-tratado-é-que-te-lembras-de-mudar-o-pedido-valha-me-Deus-e-eu-com-tanto-que-fazer":
- Então o que é que tu pediste ontem, filho?
E o Pedro, com um brilho mais do que maroto no olhar:
- Não te digo, é surpresa! Quando o Pai Natal trouxer, logo vês!
Para todos um Natal muito feliz, cheio de saúde e confiança!
* Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
Há uma semana, no serviço de urgência, durante mais uma crise, a minha colega C. perguntou-lhe se já tinha escrito "a carta" ao Pai Natal. Que sim, que já tinha escrito. E o que lhe tinha pedido, podia saber-se? Pois que tinha pedido um puma de peluche. Grande. Mas se o Pai Natal não pudesse, então também podia ser, sei lá, um conjunto de Gormitis. Ficava contente na mesma, garantia.
Ontem na consulta a C. voltou a perguntar-lhe o que tinha pedido ao Pai Natal.
- Ah, eu ontem escrevi-lhe uma carta e pedi-lhe outra coisa.
A mãe muito espantada, com cara de "agora-que-eu-já-tinha-tudo-tratado-é-que-te-lembras-de-mudar-o-pedido-valha-me-Deus-e-eu-com-tanto-que-fazer":
- Então o que é que tu pediste ontem, filho?
E o Pedro, com um brilho mais do que maroto no olhar:
- Não te digo, é surpresa! Quando o Pai Natal trouxer, logo vês!
Para todos um Natal muito feliz, cheio de saúde e confiança!
* Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.