Mas estava eu para aqui a teorizar sobre os nomes e a saúde das crianças... Eu diria mesmo, embora não apoiada em qualquer estudo randomizado, já que nenhuma comissão de ética aprovaria esta experimentação humana de alto risco, que a lista dos nomes admitidos e não admitidos é um dos grandes responsáveis pela diminuição drástica da mortalidade infantil nas últimas décadas!
E ainda assim, mesmo orientados por uma lista quase exaustiva, é possível cometer muitas atrocidades, meus amigos! Não só pelas combinações que não lembrariam ao menino Jesus, mas também porque os nomes admitidos estão cada vez mais improváveis. Qualquer dia isto já é como no Brasil, onde se pode tranquilamente chamar "Um Dois Três de Oliveira Quatro" a um filho sem a conservadora do registo poder fazer o que quer que seja para impedir os eufóricos pais...
É que há nomes que à partida nos fazem sentir que algo vai correr mal com a criança... Sinceramente... Por exemplo, acham que uma Odete Soraia podia correr bem? Ou uma Catalina Cinderela? Ou uma Jessica Ariadne? Alguma destas crianças poderia ter uma saúde de ferro? Não, meus amigos, uma Odete Soraia nunca poderá ter uma saúde de ferro. Do mesmo modo, que dizer de um Dhruva ou de um Siddártha? É que uma coisa é termos na consulta um Dhruva de dois aninhos, filho de um Pranjhal e de uma Fati, ambos naturais do Bangladesh... Este menino só tem habitualmente uma ou outra doença típica da infância, uma otite aqui e ali, a varicela da praxe e, num rasgo de maior azar, pode um dia partir a cabeça enquanto sobe a uma cadeira para ir buscar a lata dos rebuçados na prateleira mais alta da cozinha. Mas sabemos que vai tudo correr bem.
Outra coisa muito diferente, meus amigos, é termos um Dhruva dos Santos, filho de um André Filipe e de uma Andreia Vanessa, ambos vegetarianos estritos e fervorosos adeptos da homeopatia. Aí a coisa fia mais fino. Aí podemos ter a certeza de que alguma coisa vai dar para o torto mais tarde ou mais cedo! Para além das doenças horríveis que costumam acometer os azarados de nascença, estes acabam habitualmente por ter anemias de caixão à cova porque nunca comeram carne na vida, otites supuradas com surdez precoce porque nunca tomaram um antibiótico, papeira aos 15 anos com risco de ficarem estéreis porque não fizeram qualquer vacina e são os primeiros a ficar obesos na adolescência porque depois de descobrirem o MacDonald's nunca mais querem outra coisa... Ah, e há uma epidemia de sarampo na Europa*. Também são sempre estes os primeiros na linha de ataque...
Mais palavras para quê?
* Nunca é demais frisá-lo: este blog é um fervoroso adepto da vírgula de Oxford. Entre outras inutilidades...