Serviço de Urgência, tarde de sexta-feira ao cair da noite. Uma mãe de primeira viagem, enfermeira de profissão vem com o seu bebé de três semanas. Motivo da vinda: choro persistente. Compreendi a situação. É muito diferente falar de cólicas e saber em teoria o que são cólicas ou ter um bebé com cólicas lá em casa. Sobretudo quando se é uma jovem profissional de saúde, a quem tudo passa pela cabeça quando se trata do próprio filho, ainda para mais com o raciocínio toldado pelo desconforto físico, pelas modificações do corpo, pelas hormonas e a privação de sono e ainda pelos tratados de enfermagem que insistem em atirar para dentro do cérebro diagnósticos tenebrosos alternativos. Absurdos, mas enfim, o raciocínio não tem a mesma desenvoltura nesta fase.
Depois de a tranquilizar ela despede-se com um sorriso aliviado e bem disposto. O primeiro sorriso completamente descontraído desde que me entrara na sala. Faz menção de se levantar, mas depois lembra-se de algo:
- Doutora, peço desculpa, mas já que estou aqui aproveito para lhe fazer uma pergunta. - Claro! O que se passa? - É que tenho dúvidas sobre como arrumar a pilinha do bebé dentro da falda. Estava a pensar colocá-la alternadamente para a direita e para a esquerda para não criar vícios. O que acha?
[Meus queridos amigos, depois desta estejam à vontade para fazer qualquer pergunta que seja!]