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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

24
Fev11

[áfrica, meu amor impossível] como foi que tudo aconteceu...

beijo de mulata
A baía de Maputo, Moçambique.

Já tenho tentado explicar aqui muitas vezes que a história desta minha paixão por Moçambique é agora tão complexa e tão longa que sempre que a tento contar me contradigo. E quando, por vezes, lá acerto, geralmente sou mal citada… Para isso acho mesmo que era preciso fazer como Gabriel García Marquez: vivir para contarla. E não foi para contar histórias que um dia decidi ser médica. Por isso o que vou fazer para Moçambique é trabalhar em hospitais no meio do mato e cuidar dos doentes de lepra, de sida e das crianças que precisarem de mim. Mas ainda assim, volvidas cinco vezes, cinco viagens, cinco missões, agora que já estou razoavelmente cá, razoavelmente viva, vou tentar, mais uma vez, contar-vos como que foi que tudo aconteceu, porque Moçambique é pródigo em imagens e emoções e foram-me sempre sobrando histórias…

O meu primeiro contacto com Moçambique foi enquanto ainda estava na faculdade, nas férias do quinto ano de Medicina, antes do meu ano de finalista. Fui para a Casa do Gaiato, na província de Maputo, onde passei um mês na savana, com encantos de primeira vez em África...


E a história começa com Moçambique a 12ºC, numa noite sem lua e pouco iluminada, onde a única coisa que se podia sentir era o cheiro largo a espaço aberto (imaginava eu, nos meus pensamentos românticos de primeira vez, que estava a sentir o “cheiro de África” e, de facto, o que sentia era algum do cheiro de África – o cheiro de um Aeroporto africano misturado com o cheiro a diesel de um avião da TAP...). O pouco que conseguia distinguir distintamente era AE OPO TO IN ERNACI NAL DE MAP TO, o letreiro de néon do aeroporto de Mavalane, literalmente com algumas luzes avariadas... E desta história só posso dizer que adorei, que não estava nada à espera do que acabou por ser e que, à medida que o tempo passava, mais eu ficava rendida a tudo quanto via...

(continua)

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