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Mai10
[o esqueleto e o armário] a propósito do casamento gay
beijo de mulata
Dizem que todas as pessoas têm um esqueleto no armário. E eu que, à excepção de um ou outro pormenor, não sou excepção para nada, também já tive o meu. Foi no primeiro ano da faculdade. Chamava-se Cristóvão, trocadilho da co-autoria do meu irmão e de uma fantástica reserva de Dão num jantar de família generosamente regado, em que o pobre esqueleto passou a ser apelidado de Cristóvão Sem Lombo. Utilizei-me dele, não para qualquer prazer mórbido, como certamente gostariam muitos dos senhores que cá vêm parar através de pesquisas na web*, mas para estudar Anatomia I.
E foi já em Julho, mês que, segundo o regente da Cadeira, seria sempre no dia seguinte, que descobri que não estava a viver com um esqueleto... mas com uma esqueleta! Não havia dúvidas. Depois de lidos todos os tratados de Anatomia (um Rouvière, dois Rouvières, três Rouvières e um Testut), aquele ilíaco e aqueles ossos da face já não enganavam uma estudante de Medicina que desde Outubro estudava como se amanhã fosse vir mesmo... (E por acaso veio.)
E foi então que me vi a braços com a embaraçosa tarefa de revelar à minha tradicional e conservadora família que o esqueleto, a quem todos chamavam D. Cristóvão, iria sair do armário para se chamar Rosa (nome romântico também da autoria do meu irmão, que quando me via passar com os ossos para o escritório me perguntava: "Senhora, que levais no regaço?", ao que eu respondia "São rosas, senhor, são rosas...").
Para minha surpresa, a minha família reagiu com naturalidade (e até com alguma indiferença) à notícia, sugerindo apenas que no ano seguinte ele saísse de vez do meu armário.
Moral da História: Se o esqueleto que tens no armário te embaraça, podes sempre despachá-lo para um colega mais novo.
* Por mais que eu reze à Nossa Senhora do google.
E foi já em Julho, mês que, segundo o regente da Cadeira, seria sempre no dia seguinte, que descobri que não estava a viver com um esqueleto... mas com uma esqueleta! Não havia dúvidas. Depois de lidos todos os tratados de Anatomia (um Rouvière, dois Rouvières, três Rouvières e um Testut), aquele ilíaco e aqueles ossos da face já não enganavam uma estudante de Medicina que desde Outubro estudava como se amanhã fosse vir mesmo... (E por acaso veio.)
E foi então que me vi a braços com a embaraçosa tarefa de revelar à minha tradicional e conservadora família que o esqueleto, a quem todos chamavam D. Cristóvão, iria sair do armário para se chamar Rosa (nome romântico também da autoria do meu irmão, que quando me via passar com os ossos para o escritório me perguntava: "Senhora, que levais no regaço?", ao que eu respondia "São rosas, senhor, são rosas...").
Para minha surpresa, a minha família reagiu com naturalidade (e até com alguma indiferença) à notícia, sugerindo apenas que no ano seguinte ele saísse de vez do meu armário.
Moral da História: Se o esqueleto que tens no armário te embaraça, podes sempre despachá-lo para um colega mais novo.
* Por mais que eu reze à Nossa Senhora do google.