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Beijo de Mulata

Beijo de Mulata

18
Abr10

[os suicidas do costume] fazer a ponte cá dentro do peito...

beijo de mulata

Em Nampula, no meio do mato com as Irmãs, a caminho da campanha de vacinação:
- Mas, Irmã, nunca tem medo de atravessar estas pontes de jeep?
- Bem, medo sempre tenho, mas sei que Deus está connosco. [Como se dissesse "O meu pai é o dono disto tudo. Nada de mal nos pode acontecer!"]
- É que isto assusta um bocadinho...
- Podes sair e passar a ponte a pé que eu não levo a mal.
- Não, Irmã, não vou fazer isso. Não a vou deixar... e também não me serve de nada ser a única a sobreviver aqui no meio de nenhures...
- O segredo é meter a tracção às quatro rodas e não pensar em mais nada!
18
Abr10

[o meu carro] loira sofre...

beijo de mulata
Meus queridos amigos,

Serve esta para partilhar convosco as minhas amarguras e desgostos, mas não acrescenta rigorosamente nada à nossa relação e no final não ficarão a saber nada mais de importante sobre mim, portanto só se tiverem tempo é que vos aconselho a ler até ao fim.

Na quinta à tarde fiquei sem carro e foi uma situação estranhíssima... Senti-me pior que uns pais de primeira viagem numa urgência às 4 da manhã... Tudo se resumiu a isto: o pobre do veículo que tenho sob meu comando, acendeu uma luz no seu interior. Alarmei-me. Não gosto de luzes, muito menos vermelhas e intermitentes dentro do carro. Telefonei para a Saúde 24, na pessoa do meu mecânico-always-on-call e perguntei-lhe o que é que aquilo queria dizer. Ele respondeu-me, falando-me como que a uma menina de cinco anos, que podia ser uma data de coisas, que provavelmente era falta de óleo e que não deveria andar nem mais um metro, que o carro podia arder! ("Loiras! Humpf..." Era o que a voz dele dizia...)

Arrepiei-me... Tinha estado alegremente com uma bomba relógio em meu poder e nem sequer tinha tido uma leve suspeita disso... Telefonei para a Assistência em Viagem a queixar-me de que o mecânico me tinha feito uma ameaça de bomba e que era preciso desarmadilhá-la. O reboque demorou horas até conseguir chegar ao fundo do parque do hospital porque se metia por todos os cantos por onde eu não o tinha mandado ir e, como já eram 16:00, aparecia sempre alguém a querer sair de onde ele tinha enfiado o camião, a apitar e a praguejar. Obviamente não era nada comigo, mas não tive muito sucesso a tentar convencer os vários proprietários envolvidos...

O senhor do reboque perguntou-me, então, já em terreno neutro, de que é que eu me queixava. E eu então falei-lhe da luz que se acendera no interior, do telefonema para o mecânico, da ameaça, do perigo, do óleo e da sua súbita e inexplicável fuga, da interdição de andar mais um metro que fosse, do medo, do pânico, do telefonema para a assistência em viagem... Ele então foi verificar o óleo e viu que não havia fuga alguma, estava no nível adequado. Já toda eu transpirava... Ficou a olhar para mim como se eu fosse uma anedota muito divertida... ("Loiras! Humpf..." Era o que o olhar dele bradava). "Então sempre quer rebocar o carro?" "Bem, sendo assim, vou ter de telefonar novamente ao mecânico a pedir ordens. Mas eu sinto que o carro tem qualquer coisa." O meu discurso até a mim já me soava como um delírio paranóide, mas enfim... Ao telefone o mecânico foi peremptório: "Reboque!" E ele rebocou. Fim da história.

Eu sei que é preciso tirar um curso para entrar num carro pelo lado do condutor, mas ninguém me avisou que estas coisas podiam acontecer assim sem aviso prévio... Isto não é para quem quer trabalhar, ó valha-me Deus!

Epílogo: E foi assim que fui pela primeira vez num comboio da Fertagus para casa, que fiquei sem carro e com uma sensação de absoluta irrealidade. Felizmente que, para repor a ordem no universo, ele já me telefonou a dizer que o carro não tinha, de facto, qualquer falta de óleo, mas uma falha eléctrica grave e que a minha intuição tinha sido óptima porque poderia ter ficado ontem mesmo no caminho...
18
Abr10

[vozes brancas* #8] e vidas pequeninas

beijo de mulata
Quase todas as crianças, no seu processo de autonomização, necessitam de um objecto que as tranquilize nos momentos em que estão mais frágeis e sem os pais, como quando estão a adormecer sozinhas ou quando vão pela primeira vez para o jardim infantil. É habitualmente uma fralda com o cheiro da mãe, um peluche fofinho que podem abraçar... Aquilo que habitualmente as mães designam genericamente por "ó-ó" e os pediatras, mais cinzentões e menos expressivos, por "objecto de transição".

Pois... não resisto a partilhar convosco que o objecto de transição do meu sobrinho é... uma cápsula de Nespresso! Temos homem! Um George Clooney no mínimo!

* Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.

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